O Itaú, em tempos de incentivo empresarial à sustentabilidade e sua exploração pelo marketing e publicidade, lançou uma campanha para instigar a não utilização de impressões bancárias. Mas o comercial, em que um bebê dá gargalhadas ao ver o pai rasgando um extrato bancário, gerou reação no setor gráfico do Brasil e desagradou a Associação Brasileira da Indústria Gráfica (ABIGRAF).
Segundo a Associação, a publicidade está equivocada quando alega que a suspensão dos extratos impressos pelos clientes contribuiria para “um mundo mais sustentável”. Em comunicado, afirma que “tem se empenhado desde meados de 2010 para informar corretamente à opinião pública sobre a origem do papel usado para impressão produzido no Brasil”.
A ABIGRAF Nacional encaminhou uma carta para a presidência e vice-presidência do banco em contestação à campanha. Além disso, no dia 8, dirigentes reuniram-se com o vice-presidente e diretor do banco a fim de falar sobre a insatisfação do setor.
A produção de papel e celulose nacional, de acordo com a ABIGRAF, não prejudica o meio-ambiente. Ela sustenta o argumento através da campanha “Imprimir é dar Vida”, que “no Brasil, nenhuma árvore nativa é derrubada para a produção de papel, uma vez que 100% desse insumo tem como origem florestas plantadas.”Para Fabio Arruda Mortara, presidente da Associação, a situação não pode ser aceita, pois o “banco transformou o papel em vilão” e presta um “desserviço à sociedade”. “Principalmente quando sabemos que o principal objetivo dessa campanha é a busca da redução de custos operacionais”, argumenta.
O Itaú explica que a conversa entre as instituições ocorreu com transparência, de maneira “tranqüila e respeitosa”, sem nenhum problema e conflito. Mesmo assim, a empresa diz que mantém o posicionamento sobre o uso consciente de crédito do papel.De acordo com a companhia, as divergências surgiram devido a “pontos de vistas diferentes” sobre o assunto, mas o “banco vai continuar defendendo o uso do papel para o que é realmente necessário”. Aliás, este é um diálogo solicitado até mesmo pelos próprios clientes.
Em suma, a ideia defendida pela empresa é conscientizar e permitir que quem quiser imprimir, imprima; quem não quiser receber correspondências em casa, não receba. Além da visita ao Itaú, a ABIGRAF informou que cerca de dez entidades ligadas à cadeia da comunicação impressa, juntamente coma Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA) e as federações das indústrias dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais (FIRJAN e FIEMG) encaminharam cartas aos diretores do banco para solicitar uma revisão conceitual da campanha.Em janeiro, o filme criado pela Africa já havia gerado polêmica por exibir uma suposta folha de maconha atrás do bebê. O banco chegou até a lançar outro vídeo para explicar a situação.
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