Vidas Secas, de Gracilianos Ramos, se repete em pleno século XXI

Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba. Nestes Estados, o aguaceiro ainda não caiu, mas o mandacaru já deu flor e é justamente isso que tem alimentado a esperança dos moradores. É que na zona rural, o povo tem uma crença, que já foi até eternizada na voz do Rei do Baião, Luiz Gonzaga: quando o mandacaru floresce, é sinal de que a chuva com trovoada está bem próxima.

O sertão está em fogo, o sol chupa os poços. O rio São Francisco agoniza. Os sertanejos continuam a olhar o céu. É esperança última do próximo dia 13 de dezembro, Dia de Santa Luzia. Setembro, outubro e novembro já se passaram. Quando escreveu Vidas Secas, em 1938, Graciliano Ramos não imaginava que sua obra se tornaria um símbolo de luta de convívio com a seca. Sinhas, Fabianos e cachorro Baleia ainda vivem no sertão em pleno século 21.

Vidas Secas, romance publicado em 1938, retrata a vida de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época. O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão...e que aqui vivem.

Redação blog