PMs presos suspeitos de lavagem de dinheiro e atuação em grupo miliciano na BA são transferidos para presídio federal

Três policiais militares suspeitos de atuarem em um grupo miliciano na Bahia foram transferidos do Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), para o Presídio Federal de Campo Grande, na capital do Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira (16). A transferência foi determinada pela Justiça por considerar a periculosidade dos acusados.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) divulgou os nomes dos policiais: Jackson Macedo Araújo Júnior, Josenilson Souza da Conceição e Roque de Jesus Carvalho. Eles são denunciados com mais 12 pessoas no âmbito da "Operação El Patron".

O grupo responde pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada, todos cometidos na região de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador.

Autor da denúncia, o MP-BA afirma que os três policiais são apontados por formar o núcleo armado da organização criminosa, usando violência para cobrar dívidas decorrentes das atividades ilícitas do grupo, especialmente a agiotagem e o jogo de azar.

As investigações indicam que, juntos, eles teriam movimentado quase R$ 15 milhões, além de serem proprietários de bens e imóveis não declarados — valor e patrimônio incompatíveis com a renda declarada oficialmente.

A operação de transferência contou com agentes de diversos setores, como o MP-BA, Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Execução Penal (Gaep), a Polícia Federal e a Força Correcional Integrada (Force/Coger) da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

As celas que os PMs ocupavam também passaram por buscas e um celular foi encontrado. O aparelho será periciado para extração e análise do conteúdo.

Político envolvido
A operação em questão é a mesma que implicou o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, em dezembro de 2022. Na ocasião, seis pessoas foram presas preventivamente e 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

Binho Galinha, deputado estadual — Foto: Agência Alba

Binho, apontado como chefe do grupo, não foi detido por conta do foro privilegiado garantido a parlamentares. À época, o parlamentar informou que estaria à disposição da Justiça e que os fatos seriam esclarecidos. [Veja a nota na íntegra ao final do texto].

No geral, o MP-BA anunciou o bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 imóveis urbanos e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. As investigações ainda estão em andamento quanto à participação de outras pessoas. Se condenados pelos crimes cometidos, os investigados poderão cumprir penas máximas que, somadas, podem ultrapassar 50 anos de reclusão.

Posicionamento de Binho Galinha:

"Tendo em vista as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e que a pedido da Justiça estão sendo apuradas, com ações no dia de hoje (07) pela Policia Federal, Receita Federal, e o próprio MPE em Feira de Santana e região, o deputado estadual Binho Galinha vem a público esclarecer que está a inteira disposição da Justiça da Bahia, e que tudo será esclarecido no momento próprio. Mantemos nossas atividades pessoais e legislativas sem alteração. Confio na Justiça e estou à disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto a transparência dos fatos. No mais dizer que nosso jurídico está tomando as devidas providências para junto a Justiça prestar os esclarecimentos."

G1BA/Fotos: Humberto Filho/Cecom Imprensa