PMs presos suspeitos de lavagem de dinheiro e atuação em grupo miliciano na BA são transferidos para presídio federal

16 de Jan / 2024 às 20h07 | Policial

Três policiais militares suspeitos de atuarem em um grupo miliciano na Bahia foram transferidos do Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), para o Presídio Federal de Campo Grande, na capital do Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira (16). A transferência foi determinada pela Justiça por considerar a periculosidade dos acusados.

O Ministério Público da Bahia (MP-BA) divulgou os nomes dos policiais: Jackson Macedo Araújo Júnior, Josenilson Souza da Conceição e Roque de Jesus Carvalho. Eles são denunciados com mais 12 pessoas no âmbito da "Operação El Patron".

O grupo responde pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada, todos cometidos na região de Feira de Santana, cidade a cerca de 100 km de Salvador.

Autor da denúncia, o MP-BA afirma que os três policiais são apontados por formar o núcleo armado da organização criminosa, usando violência para cobrar dívidas decorrentes das atividades ilícitas do grupo, especialmente a agiotagem e o jogo de azar.

As investigações indicam que, juntos, eles teriam movimentado quase R$ 15 milhões, além de serem proprietários de bens e imóveis não declarados — valor e patrimônio incompatíveis com a renda declarada oficialmente.

A operação de transferência contou com agentes de diversos setores, como o MP-BA, Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de Execução Penal (Gaep), a Polícia Federal e a Força Correcional Integrada (Force/Coger) da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

As celas que os PMs ocupavam também passaram por buscas e um celular foi encontrado. O aparelho será periciado para extração e análise do conteúdo.

Político envolvido
A operação em questão é a mesma que implicou o deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, em dezembro de 2022. Na ocasião, seis pessoas foram presas preventivamente e 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos.

Binho Galinha, deputado estadual — Foto: Agência Alba

Binho, apontado como chefe do grupo, não foi detido por conta do foro privilegiado garantido a parlamentares. À época, o parlamentar informou que estaria à disposição da Justiça e que os fatos seriam esclarecidos. [Veja a nota na íntegra ao final do texto].

No geral, o MP-BA anunciou o bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 26 imóveis urbanos e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. As investigações ainda estão em andamento quanto à participação de outras pessoas. Se condenados pelos crimes cometidos, os investigados poderão cumprir penas máximas que, somadas, podem ultrapassar 50 anos de reclusão.

Posicionamento de Binho Galinha:

"Tendo em vista as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e que a pedido da Justiça estão sendo apuradas, com ações no dia de hoje (07) pela Policia Federal, Receita Federal, e o próprio MPE em Feira de Santana e região, o deputado estadual Binho Galinha vem a público esclarecer que está a inteira disposição da Justiça da Bahia, e que tudo será esclarecido no momento próprio. Mantemos nossas atividades pessoais e legislativas sem alteração. Confio na Justiça e estou à disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto a transparência dos fatos. No mais dizer que nosso jurídico está tomando as devidas providências para junto a Justiça prestar os esclarecimentos."

G1BA/Fotos: Humberto Filho/Cecom Imprensa

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