A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) informou, pouco após a decisão do Senado desta quarta-feira (31), que ingressaria com duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter o impeachment. Mesmo assim, para o historiador político Carlos Zacarias, o Partido dos Trabalhadores “vai se acomodar” por saber que é “absolutamente improvável” que consigam reverter o processo. “O PT sabe que não vai reverter isso, mas será como uma última cartada. O que devia ter feito, não fez. Agora eles vão tentar livrar o pescoço para mobilizar para 2018”, avaliou. Para o historiador, contudo, isso só será possível caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se mantenha como opção na próxima disputa eleitoral. “Lula ainda não foi condenado. Alguns setores farão pressão para ele ser condenado, porque se ele vier, vem com condições de ganhar. Não falo ganhar com certeza, mas com condições de igualdade para ganhar”, sugeriu.
Zacarias explicou que o PT foi parte fundamental de um processo que levou ao impeachment. O analista político acredita que a crise do país começou a mostrar sinais em 2013, quando houve as manifestações que tomaram todos os estados. Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) apontam que, naquele ano, houve 2050 greves no Brasil – maior número desde o início da série histórica, que começou em 1978. O segundo ano com mais paralisações foi 1989, com 1962 casos. “Ali o Brasil não enfrentava a crise. A taxa de desemprego estava abaixo de 5%, não havia Lava Jato, a inflação estava controlada. Se você liga uma coisa à outra, vai ver que foram as expectativas frustradas que convergiram para a necessidade de luta. Não foram expectativas por pequenas melhorias, mas por grandes melhorias. Mas depois de dez anos do PT no governo, veio a Copa das Confederações, com estádios de primeiro mundo e escolas e hospitais de país subdesenvolvido. A paciência com o lulismo acabou ali”, definiu...