Infectologistas alertam para avanço de dengue e COVID pós-carnaval

Milhões se jogam no carnaval sem se importar com o amanhã. Vivem uma verdadeira fantasia. Mas a realidade chega e tem um preço. O efeito folia de Momo, com a aglomeração de pessoas, um mar de gente reunida, juntas pelas ruas atrás dos blocos, somados à instabilidade climática, podem desencadear uma explosão de casos tanto de dengue quanto de COVID.

Na segunda-feira, o Brasil atingiu 512 mil casos de dengue em 2024, segundo os dados atualizados pelo Ministério da Saúde. Os números incluem o volume de casos confirmados e aqueles que ainda estão em investigação, em todos os estados, de janeiro até 12 de fevereiro.

Foram confirmadas 75 mortes. Outras 340 estão em investigação. Os casos de dengue são quase quatro vezes mais do que os registrados no mesmo período de 2023. À época, foram 128,8 mil notificações. Minas Gerais é a unidade da federação com mais casos, 171.769 ocorrências.

O médico infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destaca que “quando se tem muitas aglomerações, gera-se muito material que pode acumular água, favorecendo, portanto, a multiplicação do mosquito (Aedes aegypti).” Ele acrescenta: “Muitas pessoas juntas podem, obviamente, ser mais contaminadas pelo mesmo mosquito. Como tivemos essa situação durante o carnaval, está feito o cenário. E com a volta às aulas também há aumento da movimentação das pessoas, geração de resíduos e a possibilidade de acúmulo de líquidos. Isso pode ser um trampolim para a dengue, que já está em número alarmante e pode aumentar exponencialmente”, alerta.

Estevão Urbano destaca as consequências: “O aumento exponencial é acompanhado de inúmeros problemas. Acarreta tanto para as pessoas, quanto para o sistema de saúde, sobrecarga para os postos, entre outros. E até aumentando, às vezes, número de internações e óbitos”.

O médico infectologista lembra que carnaval e volta às aulas são atividades com riscos não só para o aumento de casos dengue, como também para a COVID-19 e outras doenças que pioram com aglomerações: “Então, o pós-carnaval será de alerta”, avisa.

"É preciso estar atento e se cuidar. Além do repelente, que tenha o selo da Anvisa e usado da forma correta, pelo tempo indicado para reaplicação, o uso de roupas mais cobertas, mesmo com o calor de 30°, ou seja, priorizar calça e blusa de manga comprida. Claro, além de toda a limpeza das casas e espaço público, não deixar água parada para eliminar os criadouros", detalha.

Jornal Estado de Minas Foto Agencia Brasil