Deputados podem se inscrever para o TCM mesmo sem as 13 assinaturas; Fabrício Falcão e Roberto Carlos ampliam chances

Visto nos bastidores como candidatos que teriam dificuldade em reunir as 13 assinaturas necessárias para que suas inscrições sejam aceitas na disputa ao cargo de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), os deputados Fabrício Falcão (PCdoB) e Roberto Carlos (PV) prometeram “não jogar a toalha” e tentar até o último minuto viabilizar suas candidaturas.  

Na verdade, pouco se fala de um detalhe do Regimento Interno da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) que favorece ambos ou qualquer outro deputado estadual que tenha coragem de “meter o louco” e se colocar, mesmo que à revelia, na disputa: a possibilidade de ser indicado diretamente pelo presidente da AL-BA, Adolfo Menezes (PSD), ou por pelo menos cinco dos nove membros da Mesa Diretora.

Nesse cenário, conseguirá confirmar sua inscrição quem tem mais influência não, necessariamente, junto ao governo, mas junto aos próprios colegas.

Vale ressaltar que, por ironia do destino, este mesmo regimento foi criado por outro candidatíssimo ao cargo de conselheiro: o ex-deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos), o mais longevo presidente da AL-BA, que tem nas relações que construiu ao longo de 28 anos no Legislativo o passaporte para conquistar a tão sonhada vaga.  

Pelo rito, após a publicação no Diário Oficial do TCM, o presidente da Corte dá ciência ao corregedor para que este envie o comunicado à Assembleia Legislativa.

O Bahia Notícias recebeu a informação de que a AL-BA já foi oficialmente comunicada, mas conforme adiantado pelo presidente Adolfo Menezes em entrevista ao Projeto Prisma, no início deste mês, a votação ficará para 2024, possivelmente, para após o Carnaval. 

O Bahia Notícias ouviu fontes tanto da ala do governo, quanto da oposição, com o objetivo de entender as reais chances de cada candidato. Na avaliação de um interlocutor, mesmo tendo recebido apoios públicos do PT, PSD e dos dois blocos informais da AL-BA, o G8 e o G8+, o deputado Paulo Rangel (PT) sai com uma boa largada, mas pode perder força no meio do caminho. “Rangel é um bom nome, é um deputado de vários mandatos. A questão é o quanto o governo, que já está desgastado com a base, vai querer se desgastar mais. Todo mundo sabe que em janeiro Jerônimo se comprometeu com o PCdoB, que nunca indicou nenhum nome ao TCM. Esse não foi um compromisso da gestão passada, foi um compromisso da atual gestão. As relações políticas são baseadas na palavra”, asseverou.

Na avaliação de outro interlocutor, se conseguir pelo menos oito apoios, Fabrício Falcão poderá herdar cinco assinaturas de Marcelo Nilo, que já tem garantidas 19 assinaturas do bloco da oposição, que é formado por 20 parlamentares. Como tem mais do que o mínimo necessário para se inscrever, Nilo negociaria para que cinco deputados assinassem o requerimento eletrônico em favor de Falcão. A mesma fonte não enxergou um cenário tão promissor para o deputado Roberto Carlos que, na sua avaliação, “é o que tem menos chances e está menos articulado”.  

O Bahia Notícias descobriu, com exclusividade, que Marcelo Nilo conversou com 58 dos 63 deputados da AL-BA e que a suposta “ajuda” a Fabrício Falcão seria, na verdade, uma forma de enfraquecer Paulo Rangel, que é bem quisto entre os pares, mas não tem unidade em torno do seu nome. “Falcão tira voto de Paulo Rangel e não de Nilo. Tem deputados que não conhecem Paulo Rangel, ele não é aquele cara que tem relação no governo e na oposição, às vezes ele passa um tempo sem aparecer [na AL-BA]”, resumiu a fonte. Outro ponto é que Marcelo Nilo teria mais chances de sair vencedor em um eventual segundo turno se for para o bate chapa com o comunista e não com o petista. Vence o pleito quem conseguir 32 votos ou mais. Caso não atinja essa marca, a eleição vai para o segundo turno onde disputam os dois mais votados. A votação é secreta e são esperadas surpresas. 

Outro porém descoberto pela reportagem é que a estratégia vem sendo ventilada nos bastidores, mas o principal interessado, o deputado Fabrício Falcão, não chegou a tratar com Marcelo Nilo sobre o assunto, tampouco pediu formalmente sua ajuda. O motivo seria o fato de o comunista já ter capitalizado apoios importantes e estar negociando a possibilidade de se inscrever pela Mesa Diretora. A mesma “forcinha” na inscrição não teria sido oferecida ao deputado Roberto Carlos. 

Fonte: Bahia Notícias