Artigo de pesquisadores da Univasf sobre Doença de Parkinson é publicado pela revista Scientific Reports, da Nature

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) sobre predição de discinesia em pacientes com Doença de Parkinson (DP) foi publicado este mês pela revista Scientific Reports, da Nature, uma das mais prestigiosas do mundo.

O artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação Ciências da Saúde Biológicas (PPGCSB) pelo egresso Denisson Augusto Bastos Leal, em sua dissertação de mestrado.

O artigo “Prediction of dyskinesia in Parkinson’s disease patients using machine learning algorithms” (Predição de discinesia em pacientes com doença de Parkinson usando algoritmos de aprendizado de máquina) apresenta os resultados de uma pesquisa interdisciplinar, realizada com uso de aprendizado de máquina, sob a orientação da professora Ivani Brys, do PPGCSB e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPSI); coorientação do professor Rodrigo Ramos, do PPGCSB; e colaboração da egressa do PPGPSI Carla Michele Vieira Dias. O trabalho aponta que os movimentos involuntários em pessoas com Parkinson, chamados de discinesias, ocorrem com mais frequência em pacientes que apresentam alguns marcadores específicos associados ao uso de medicação dopaminérgica.

“Com essa pesquisa buscamos encontrar o perfil de pacientes com Parkinson que podem ou não fazer o tratamento com levodopa, uma droga importantíssima para o tratamento dos sintomas do Parkinson, mas que pode gerar sintomas bem piores, chamados discinesia. Se conseguirmos diminuir o risco dos pacientes desenvolverem discinesias a qualidade de vida deles vai melhorar significativamente”, explica o pesquisador Denisson Leal.

De acordo com a professora Ivani Brys, as discinesias representam o principal desafio do tratamento padrão ouro da doença de Parkinson, através do medicamento levodopa, e que atualmente não é possível prever ou prevenir o aparecimento de discinesias. Ela explica que o estudo, iniciado há cerca de seis anos, analisou mais de 50 características associadas à ocorrência de discinesia e identificou quais as características que são necessárias e suficientes para predizer o aparecimento dos movimentos involuntários, que comprometem a qualidade de vida dos pacientes.

“Identificamos sete variáveis relacionadas à severidade dos sintomas, à fluência verbal e ao tratamento medicamentoso com levodopa que nos permitiram classificar os pacientes com e sem discinesias com boa acurácia. Usando essas variáveis, criamos uma árvore de decisão, cujas regras indicam quais escores limites em cada variável para essa classificação”, relata a docente.

Os resultados parciais dessa pesquisa haviam sido apresentados na XLIV Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC), em 2021, na qual o trabalho recebeu menção honrosa. De lá para cá, os dados do estudo foram ampliados e novas análises foram feitas pelos pesquisadores, que publicaram os achados neste novo artigo.

Para Denisson Leal, a publicação do estudo na Scintific Reports é de grande relevância. “Não é fácil encontrar uma revista que aceite trabalhos interdisciplinares e, mesmo tendo ciência da qualidade do trabalho, eu não esperava publicar em uma revista como a Nature. Considero essa publicação como um resultado muito importante para mim, para o grupo de pesquisa e para a Universidade”, diz o pesquisador.

“Publicar este trabalho em uma revista internacional de grande prestígio, como a Scientific Reports, é uma grande alegria e satisfação. Ver nosso estudo bem sucedido no rigoroso processo de avaliação desta revista nos enche de orgulho e demonstra que a ciência produzida na Univasf é de excelência. Importante mencionar ainda que este artigo recebeu isenção da taxa de publicação da Springer Nature, ao que somos gratos”, afirma a professora Ivani Brys. Ela destaca que as descobertas da pesquisa também podem ser consideradas em estudos clínicos futuros que tenham o objetivo de desenvolver novas estratégias terapêuticas para a doença de Parkinson.

Ascom Univasf