Policial grava vídeo para denunciar marido por violência doméstica: 'Só não me matou porque a minha filha começou a gritar

Uma policial militar usou as redes sociais no úlltimo domingo (20) para denunciar o marido por violência doméstica. Renata Figueiredo, que é lotada em um batalhão na cidade de Delmiro Gouveia, interior de Alagoas, gravou um vídeo para narrar que vem sofrendo abusos e que ele chegou a ameaçá-la com uma arma apontada para a sua cabeça.

"O motivo do fim do meu relacionamento foi consequência de abusos e traições. Quando a gente sentou para conversar e terminar o relacionamento, ele pegou a arma, apontou na minha cabeça e só não me matou porque a minha filha começou a gritar desesperadamente", contou a policial, que tem dois filhos com o marido.

O episódio relatado por Renata aconteceu no início do mês na cidade de Araripina, interior de Pernambuco, mesma cidade em que vive o marido. Ao g1, a advogada que a representa, Thyale Chabloz, contou que o homem chegou a disparar tiros para o alto durante a briga com a militar.

Os disparos foram ouvidos na rua e a polícia foi acionada. O marido de Renata foi preso em flagrante, mas conseguiu liberdade após pagar fiança no valor de R$ 3 mil. O g1 tentou contato com ele e com a defesa dele, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem.

O vídeo contendo o desabafado e as denúncias de violência doméstica foram postados no Instagram pela militar, que recebeu vários comentários de apoio. Na gravação, ela conta que sofreu todo tipo de abuso nos 16 anos que passou casada.

"Eu só vim aqui porque eu estou temendo pela minha vida. Me senti na obrigação de contar um pouco da minha história e que esse vídeo possa encorajar mulheres, mães e vítimas de violência doméstica. Eu tenho duas crianças e está sendo muito difícil passar por tudo isso", lamentou.

O caso foi denunciado à Justiça pernambucana no início desse mês. Desde então, Renata conta que tem vivido dias de pesadelo e que teme perder tudo que conquistou na disputa judicial com o marido.

"A gente começou do zero, a gente não tinha nada e eu cheguei a vender maracujá na feira até a gente abrir a primeira loja. Sempre apoiei ele, mas ele nunca me apoiou. Quando eu fiz faculdade, ele não foi na minha formatura, quando eu passei na academia (de polícia) ele fez de tudo para eu desistir. E agora ele vem querendo tomar tudo de mim", disse.

Thyale Chabloz contou que o processo contra o marido de Renata está correndo como violência psicológica e não tentativa de homicídio.

"Apesar de ele ter tentado matá-la, o juiz entendeu que se tratava de violência psicológica, que foi o que constava no inquérito da Polícia Civil. A Renata está muito abalada com tudo isso. É uma situação que tem feito muito mal a ela de todas as formas, e agora ela corre o risco de perder tudo o que conquistou", disse a advogada.

g1 Alagoas