Bolsonaro se cala sobre suposto esquema de desvio de joias

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não comentou diante de operação da Polícia Federal deflagrada na última sexta-feira, para apurar suposto esquema de desvio de joias. Na entrevista de 1h20min ao canal bolsonarista Te Atualizei, que foi ao ar neste domingo (13), o ex-mandatário falou do legado do governo e atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas não fez nenhum comentário sobre a investigação.

A operação desta sexta-feira apurou um suposto esquema de compra e venda irregular de joias recebidas por Bolsonaro de representantes internacionais enquanto estava na Presidência. Os investigadores executaram mandados de buscas e apreensões em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo em endereços ligados ao advogado Frederick Wassef, que já atuou na defesa da família, ao pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Lourena Cid, e do tenente do Exército Osmar Crivelatti, que atua na equipe do ex-presidente.


Dois dias após a operação, Bolsonaro apenas se pronunciou através da sua equipe jurídica, que divulgou uma nota na noite de sexta-feira. No documento, a defesa informou que o ex-presidente reitera que "jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária".

A nota informa ainda que a defesa peticionou o Tribunal de Contas da União (TCU) em meados de março requerendo "o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito".

Logo no começo da entrevista, Bolsonaro comentou sobre prisões de auxiliares próximos e voltou a defender o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, preso desde maio por participar de suposto esquema de fraude em caderneta de vacinação de Bolsonaro e familiares para ingressar nos Estados Unidos.

— Tem outros dois (auxiliares) que não eram diretos meus, mas estão presos: o (ex-ajudante de ordens Mauro) Cid e o sargento (Luis Marcos) dos Reis, cuja punição, se forem culpados, não seria passível dessa preventiva que estão sofrendo agora. Um objetivo é uma delação premiada, e o outro é me atingir — afirmou na entrevista publicada neste domingo.

O ex-presidente voltou a agradecer aos apoiadores pelo montante transferido via Pix para a sua conta corrente desde o começo do ano, supostamente para ajudar a quitar multas judiciais, que estima chegarem a cerca de R$ 3 milhões:

— A previsão hoje em dia é de um pouco mais de R$ 3 milhões contando multas e processos, e deve aumentar. Na semana passada, tomei uma multa de R$ 105 mil do meu querido Benedito.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelado em julho mostrou que, entre janeiro e o começo de julho, Bolsonaro recebeu pouco mais de R$ 17 milhões em transferências instantâneas. A chave Pix foi divulgada por apoiadores nas redes sociais para supostamente ajudar no pagamento de multas judiciais, muitas decorrentes de descumprimento de medidas sanitárias durante a pandemia da Covid-19.

Apenas na Justiça de São Paulo, ele soma quase R$ 1 milhão em cinco multas por infrações sanitárias, além de uma multa de R$ 150 mil no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por desinformação.

O Globo