Artigo - O Papel Decisivo dos Gestores nas Irregularidades Empresariais: A Urgência da Ação

Quando falamos sobre responsabilidades e construção de um ambiente corporativo harmônico, compete ao gestor construir um ambiente saudável na sua área de atuação e proporcionar à equipe os meios necessários para o alcance das metas. Além disso, cabe a ele a missão de propagar a cultura e incentivar a aplicação prática dos princípios e valores da instituição.

Assim sendo, no cotidiano, os liderados seguem espontaneamente os bons exemplos dos líderes, conservando a harmonia das relações interpessoais.

Nesse contexto, o clima estará propício para a identificação de atos contrários à direção proposta, tais como, fraudes, assédios, entre outras irregularidades. 

Porém, o gestor precisa de diversas ferramentas para essa realidade se concretizar: controles eficazes, tecnologia, auditoria interna e processos de RH eficientes para manter os funcionários sensibilizados e motivados. No entanto, a principal delas e até mesmo crucial para qualquer companhia é um Canal de Denúncias efetivo, ou seja:

- confidencial, com permissão do anonimato, disponível 24 horas nos 7 dias da semana, com atendimento profissional, etc.

Somente nessas circunstâncias, haverá a credibilidade necessária, para os funcionários usarem sem receio e poderem ajudar o líder a desvendar condutas inadequadas, até então veladas.

Como agir diante de uma suspeita de irregularidade

A partir daí, o gestor tem a obrigação de agir sem delongas, no sentido de apurar, trazer a verdade à tona e remediar qualquer situação antagônica aos princípios da organização.

Não se espera do gestor cuidar sozinho de todas as ações pertinentes. Pelo contrário: a empresa deve instituir processos claros, com profissionais capacitados e treinados para a execução apropriada de cada passo, desde a identificação da irregularidade até uma possível aplicação de medida disciplinar.

Dessa forma, as atividades e etapas básicas são definidas, além de parâmetros e critérios para o êxito pleno da operação: ‘o como’ devem ser realizadas, em qual tempo, com qual objetivo, etc.

Durante a apuração, também conhecida como investigação interna, a imparcialidade, a confidencialidade, o profissionalismo e a capacitação são fatores primordiais para o sucesso. Na sequência, um colegiado para analisar os resultados e decidir pelas medidas cabíveis contribuirá de modo decisivo para a conclusão de um processo limpo, honesto, justo e, ao mesmo tempo, exemplar, visando evitar que, no futuro, outros funcionários se engajem nos mesmos delitos.

Dessa maneira, o gestor deverá assumir um papel de fomentador e incentivador, para o processo completo ser conduzido com a mais alta qualidade e no mais breve tempo possível. Quanto antes a entidade puder remediar a situação, tanto melhor!

E se o gestor descumprir a sua missão?

Negligenciar sua responsabilidade significa o risco de ser percebido como parte da irregularidade, seja por conivência, displicência ou omissão, sempre passível de consequências terríveis e merecidas.

Por isso, as organizações devem avaliar com regularidade não apenas o desempenho do gestor, mas também o seu comportamento e cumprimento de sua missão, que é bem mais nobre do que apenas coordenar uma equipe de funcionários.

Conclusão

O gestor tem um papel além da coordenação de atividades e pessoas, devendo ser também o responsável pela adoção dos princípios e valores corporativos pela sua equipe. Assim, deve manter um ambiente propício para o combate a irregularidades em geral, como fraudes, assédio, entre outras.

Deve-se utilizar de ferramentas disponibilizadas pela organização e cumprir a sua missão. Do contrário, poderá ser confundido como partícipe ou conivente com a conduta inadequada.

Ao gestor, cabe a ação sem delongas, quando um desvio é detectado. À empresa, avaliar regularmente se os seus gestores estão, de fato, atendendo a tais necessidades.

Wagner Giovanini é engenheiro eletricista formado pela Escola Politécnica da USP, com pós-graduação em Gestão Ambiental. Atuou por 29 anos na Siemens e há nove anos se dedica ao Compliance Total como sócio- diretor. Especialista em Compliance é  autor de  livros como: “Compliance – a excelência na prática”,  e Compliance, Gestão de Riscos e Combate à Corrupção. Desenvolveu a Compliance Station, plataforma inovadora para a implementação e execução de sistemas de integridade em pequenas  e médias empresas.