Inteligência artificial: o futuro que nos espera

Vivemos um tempo onde a evolução tecnológica vem transformando velozmente o mundo. Somos de uma geração que presencia e também vem sendo responsável por esse desenvolvimento na seara da tecnologia.

Não há registro histórico que aponte num período tão curto de tempo uma mudança, uma otimização e um upgrade tão substancial em múltiplos aspectos da existência humana.

Inegavelmente essa tecnologia abruptamente vem impondo avanços e melhorias significativas na sociedade, alcançando a indústria, o comércio, o agronegócio, a medicina, a comunicação, o transporte e todas as atividades laborais.

As grandes inovações que permearam a revolução industrial, agora, se aceleram com o advento do mundo digital. É a era robótica se instalando de vez em nossas vidas. O homem entregando atividades suas para robôs, comandados por uma inteligência artificial.

Esse fenômeno não é exclusivo da seara privada, mas também hoje alcança os poderes constituídos do Estado, em todas as esferas. Essa dinamização chegou de vez como um caminho sem volta ao Poder Público.

Na mesa do tempo a afirmação de que: Não há como retroceder. Existem benefícios inegáveis do atuar desse sistema robótico, pois facilita o cumprimento de tarefas e atividades que possibilitam uma maior produtividade laboral, impulsionando a indústria, o agro e o consumo em geral em prol da sociedade, além de tornar mais ágil a própria burocracia estatal.

Mas é preciso que o homem perceba que, na vida, tudo requer equilíbrio. Na vida sempre existe uma mão dupla, pois tudo que realizamos gera efeitos, alguns positivos, mas também outros negativos.

Não é diferente no caso em comento. O uso em grande escala de robôs, se de um lado aponta benefícios, de outra banda, importa em dispensa de mão de obra, colocando o homem na vala do desemprego. E nesse ponto emergem algumas preocupações. Dentre elas vislumbra-se que mesmo que qualificando uma boa parte desse contingente de desempregados, com o intuito de alocá-los em outras áreas, somente uma pequena parte encontrará o novo labor.

O que fazer com esse pessoal desempregado? Criar auxílios, ou mesmo, ampliar os já existentes para ajudar no tocante a sua subsistência?

Já existem alguns que pensam nesse caminho como alternativa, como é o caso de Elon Musk empreendedor, empresário e filantropo sul-africano-canadense, naturalizado Americano que em entrevista recente ao tempo em que apresentou ao mundo sua equipe de robôs humanoides, também indicou sua preocupação com a forte possibilidade da inteligência artificial ser uma ameaça a existência da raça humana, inclusive, já visualizando a necessidade de uma ampliação ainda maior de um auxílio para atender a grande massa de desempregados que o futuro breve nos entregará.

O temor é que esse sistema digital e robótico que avança de forma avassalador, não seja acompanhado de forma efetiva, no mesmo período de tempo, por medidas estruturantes do Estado, justamente, a fim de atender essa massa de desocupados que brotarão com essa tão decantada evolução tecnológica.

Mas, além auxílio, há uma preocupação maior que nos aquieta. Esse contingente de desempregados acarretará o surgimento de uma legião de pessoas desmotivadas, sem trabalho, vivendo sob a esmola de uma mesada imposta por esse sistema "perverso". Sem nada para fazer no seu dia a dia, essa turma, certamente mergulhará na bebida, nas drogas, na depressão e por aí vai. O trabalho alimenta a alma do ser humano. É aquela história Mente vazia, oficina do diabo.

O homem necessita de se sentir útil. O marasmo no passar do tempo é algo que proporciona ao ser humano o desânimo, a tristeza, a ansiedade e uma cruel ideia de que o seu existir perdeu essência e razão para continuar a caminhada da vida.

Com isso, sem dúvida, que haverá repercussão negativa, levando uma sobrecarga no âmbito do sistema de saúde, além de afetar outras áreas mantidas pelo Estado como a da segurança, também, já bastante sofrida e necessitada de apoio em termos de medidas efetivas, do próprio aparelho estatal.

Somos entusiastas dessa evolução tecnológica, mas não podemos esquecer desse equilíbrio. O olhar humano jamais será substituído pelo sistema robótico.

O que nos deixa perplexo é que diante de tanta evolução tecnológica, porém, o homem continua o mesmo bárbaro, cruel, violento, egocêntrico, ganancioso, insensível e fazendo da corrupção o mecanismo maior para desmonte e desequilíbrio nas relações humanas. A corrupção que fragiliza e desacredita os homens que comandam o mundo, tem sido o principal aspecto que impede uma maior estabilidade social no planeta e, por isso, fica difícil de acreditar que esses líderes mundiais, de insano comportamento, possam enxergar a necessidade dessa harmonia supracitada.  

A evolução impulsionada pela tecnologia em todos os campos é vertiginosamente, mas, e, o lado espiritual? Relegado? O homem vive do trágico, da guerra, do dinheiro fácil e esquece que somos meros passageiros desse mundo terra. Que somos seres essencialmente espirituais vivendo uma experiência material neste planeta.

É a velha, torta e inconcebível mentalidade de que devemos sempre buscar a felicidade no efêmero templo do materialismo, quando os exemplos da existência humana apontam que o gáudio, a venturança só é plena e mansa quando reside em nosso âmago.

Quando ocorrerá a evolução espiritual do homem?

Que esse equilíbrio possa ser vislumbrado e levado em conta na prática, pois só assim, teremos um futuro promissor tecnologicamente falando e, ao mesmo tempo, uma paridade maior socioeconômica reinante no mundo, evitando, assim, o crescimento dos miseráveis neste tempo dos desiguais.

Deus proteja a humanidade!

Onaldo Queiroga-escritor e Juiz de Direito