Instalação de Usina Nuclear volta a ser tema de debates em 2023

De acordo com colunistas da CNN, o setor nuclear está otimista com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ansioso para os primeiros atos do novo Governo Federal com boa expectativa. 

A ABDAN (Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares já apresentou um documento com propostas para o setor. Foi demonstrado um desejo forte de concluir a usina de Angra 3 (RJ), relançada em 2010, no segundo mandato do ex-presidente. "O canal de comunicação está aberto. As propostas foram bem recebidas. O reator nacional, radioisótopos e íon para uso em alimentos também estavam na pauta".

De acordo com fontes, o setor deve continuar pujante sob o 3º mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Ao longo dos governos petistas tivemos grandes avanços da energia nuclear, como o andamento das obras de Angra 3 e o lançamento de um programa pela ex-presidente Dilma Rousseff que previa a construção de mais 4 usinas nucleares.  Lula em seu mandato incentivou Angra 3 e o submarino a propulsão nuclear. Vemos que não existe má vontade com o tema da energia nuclear e nem poderia, é um assunto como outro qualquer – e de grande importância', disse representantes da ABDAN.

A REDEGN obteve a informação que Movimentos Sociais ligados a Igreja Católica também se movimentam para entregar documento contrário a possível instalação de uma Usina Nuclear no município de Itacuruba, sertão de Pernambuco, com uso das águas do Rio São Francisco.

ITACURUBA: O Governo Lula que tomou posse no dia 01 de janeiro de 2023, será determinantes para o andamento deste projeto e ou arquivamento. O projeto de construção de uma usina nuclear em Itacuruba (PE), nas margens do Rio São Francisco deve ganhar notoriedade mais uma vez nos primeiros meses de 2023.

Desde o ano de 2011, um estudo da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, apontou a região de Itacuruba, no sertão pernambucano, como possível sítio para uma nova central nuclear, devido à baixa densidade populacional e à proximidade do rio São Francisco, cujas águas seriam usadas para resfriar os reatores. 

O plano voltou a ser defendidopelo governo federal, em meio à busca de alternativas para a crise energética. Os opositores ao projeto da usina temem prejuízos a comunidades indígenas e quilombolas da região, além de danos ambientais.

VOZES CONTRA: Em contato com a REDEGN uma das lideranças dos movimentos sociais disse que "já existiu um contato com o futuro Governo Lula e foi posto a fala de que a região não aceita a instaçãod e uma Usina Nuclear".

A Professora de antropologia da Universidade Federal de Pernambuco (Ufpe), Vânia Fialho ressaltou que a taxa de suicídio em Itacuruba é quase seis vezes maior que a média nacional. Ela considera que a instalação da usina nuclear em Itacuruba constitui violação de direitos humanos por si mesma, afetando especialmente os povos tradicionais da região: 11 povos indígenas e 9 comunidades quilombolas.

— A população vive com medo de mais este empreendimento de riscos e consequências incomensuráveis e não dimensionados pela própria ciência — disse, criticando a falta de transparência do projeto nuclear e a ausência de informação à população afetada, contra a determinação da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

A cacica Lucélia Leal Cabral mencionou a luta do povo Pankará para a demarcação das terras, situação atribuída por ela à morosidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), e lembrou que os povos indígenas da região de Itacuruba já foram fortemente afetadas pela construção da barragem e a inundação das ilhas que habitavam. Ela disse que a comunidade foi “surpreendida” pelo projeto da usina nuclear.

— Isso propõe mais uma vez a expulsão de nossa comunidade. O povo Pankará se vê obrigado a peregrinar na defesa de nossos direitos.

Em sentido semelhante, José Júnior Karajá, assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), contestou a oportunidade da construção da central nuclear que, segundo ele, se somará a outros projetos para “sugar” mais recursos hídricos do Rio São Francisco.

— O rio não possui segurança hídrica para um empreendimento desta natureza — alertou.

Ele acusou a “irresponsabilidade” do governo federal em retomar o projeto, e salientou que o argumento da instalação da usina num suposto “vazio geográfico” é a admissão de que a alternativa nuclear está sujeita a acidentes.

Redação redegn Foto João Zinclar