Artigo - Primeiros socorros para pessoas com HIV / AIDS

A pandemia do vírus da imunodeficiência humana (HIV) / síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é uma catástrofe para comunidades de todo o mundo. Mais de 1 milhão de pessoas nos EUA estão vivendo com HIV, porém 1 em cada 7 delas não sabem que têm a doença. No final de 2020, aproximadamente 38.4 milhões de pessoas em todo o mundo estavam vivendo com HIV / AIDS.

O Pacific Medical Training reconhece a magnitude do problema e a necessidade de todos nós lidarmos com essa doença. É fundamental para cada um de nós entendermos como ocorre a transmissão desse patógeno (link em inglês) e como também certas atitudes não são passíveis de risco de transmissão.

As diretrizes a seguir abordam a preocupação com a transmissão em situações de primeiros socorros de pessoas com HIV / AIDS, apresentando medidas preventivas e práticas de higiene e permitem que você preste cuidados sem discriminação.

Entendendo a transmissão do HIV

O HIV é o vírus que causa a AIDS. Essa síndrome só ocorre quando o vírus entra na corrente sanguínea. Pessoas com AIDS tem um sistema imunológico comprometido, deixando o corpo suscetível a muitas doenças. Sendo assim, o corpo é incapaz de combater infecções e doenças que a maioria das pessoas costuma combater por conta própria. A condição é eventualmente fatal devido à disfunção do sistema imunológico. Embora não haja vacina para o HIV e não haja cura para a AIDS, os medicamentos disponíveis são uma opção de tratamento bem-sucedida.

Não existe um período fixo entre o primeiro contato com o HIV e o desenvolvimento da doença. Muitos indivíduos HIV positivos podem não ter sintomas por vários anos, enquanto outros podem desenvolver sintomas dentro de três anos a partir do momento da infecção. A transmissão do vírus ainda pode ocorrer mesmo quando a pessoa não apresenta nenhum sintoma.

O HIV é muito mais difícil de contrair do que se poderia pensar pois o vírus morre rapidamente fora do corpo e uma combinação de água e sabão demonstrou diminuir sua infectividade. Porém, certas precauções devem ser sempre tomadas. O HIV pode viver em uma agulha usada por até 42 dias, dependendo da temperatura e de outros fatores. Para garantir a destruição do HIV, as superfícies requerem desinfecção adequada, além de água e sabão.

Maneiras pelas quais o HIV é transmitido

  • Sangue e produtos sanguíneos, outros fluidos corporais (sêmen, líquido pré-seminal, retal e vaginal) e órgãos transplantados que contêm HIV
  • Agulha ou seringa contaminada (uso de drogas e picada acidental)
  • Exposição através de escoriações na pele
  • De uma mãe infectada com HIV a seu filho durante a gravidez, o parto ou a amamentação (a amamentação é de baixo risco, especialmente quando se toma um regime anti-retroviral)
  • Sexo desprotegido com alguém que tenha HIV (homem para mulher, homem para homem e mulher para mulher)

Maneiras pelas quais o HIV não é transmitido

  • Seguir práticas de segurança adequadas ao dar primeiros socorros — isso inclui ressuscitação cardiopulmonar (RCP)
  • Contato com sangue ou outros fluidos corporais com pele intacta
  • Doação de sangue ou produtos derivados de sangue
  • Cuidar de alguém com HIV / AIDS com as precauções apropriadas
  • Comida, água e ar
  • Tocando, abraçando e apertando as mãos
  • Beijos de boca fechada
  • Tosse, espirros ou suor
  • Assentos de toalete, roupas de cama compartilhadas e roupas
  • Mosquitos ou outros insetos através de picadas

Qual é o risco de transmissão do HIV durante os primeiros socorros?

A preocupação com a transmissão do HIV funciona nos dois sentidos — transmissão do indivíduo ferido ao prestador de primeiros socorros ou do prestador de primeiros socorros ao indivíduo ferido. O risco de contrair um patógeno transmitido pelo sangue ao dar ou receber primeiros socorros é muito menor do que as pessoas pensam. Precauções apropriadas e medidas higiênicas básicas reduzem ainda mais esse risco.

O medo de adquirir infecção pode atrasar o início imediato da respiração boca a boca. Embora os patógenos possam ser isolados da saliva das pessoas infectadas, a transmissão salivar do HIV é incomum e a transmissão da infecção é extremamente rara: três casos relatados de HIV adquiridos durante a ressuscitação de um paciente infectado resultaram de exposições cutâneas de alto risco, como uma agulha acidental. Não houve relatos de infecção pelo HIV adquirida durante o treinamento em RCP.

Que tipo de precauções podemos tomar para minimizar o risco de transmissão do HIV?

O sangue é a principal fonte de infecção pelo HIV e é a principal via de transmissão nos profissionais de saúde e socorristas. Sempre que houver a possibilidade de contato com sangue, os profissionais de saúde (e espectadores) devem tomar precauções para evitar o contato com a pele e as mucosas (por exemplo, olhos e boca).

As práticas de rotina (precauções universais) para impedir a propagação do HIV são baseadas no princípio de que TODO sangue, fluidos corporais, secreções e excreções são infecciosos. Essas etapas envolvem o uso de equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, aventais, máscaras e óculos quando se lida com o sangue das pessoas e outros fluidos corporais contaminados por sangue.

Precauções universais em primeiros socorros

  • Lave as mãos antes e depois de prestar os primeiros socorros básicos. Se houver luvas disponíveis, lave as mãos antes e depois do uso.
  • Use EPI sempre que possível.
  • Esteja atento a evitar o contato com sangue, fluidos corporais ou itens sujos.
  • Cuidado com vidro quebrado ou objetos pontiagudos perto da pessoa ferida.
  • Cubra os cortes ou abra a pele com um curativo limpo e seco.
  • Descontamine superfícies que não exijam esterilização entre pacientes com uma solução desinfetante de nível hospitalar.

Respirar boca a boca

  • Forneça esse procedimento para salvar vidas sem discriminação — não postergue a ventilação com medo de contrair o HIV.
  • Não há casos relatados de transmissão do HIV pela ventilação boca a boca; no entanto, se você tiver feridas na boca, evite o contato direto com o sangue. Continue a RCP somente com as mãos até que um desfibrilador externo automático (DEA) chegue e esteja pronto para uso ou até que mais ajuda chegue para controlar a vítima.
  • Aprenda a usar um dispositivo de barreira, como uma máscara de bolso e um escudo facial. Se possível, leve um kit de primeiros socorros ou invista em uma máscara ou escudo pessoal. Chaveiros com uma máscara de bolso também estão disponíveis.

Lidar com alguém que está sangrando

  • Siga as precauções universais. Se você tiver luvas, use-as, especialmente no caso de brigas ou baixas em massa.
  • Se possível, instrua a vítima a aplicar pressão direta na ferida.
  • Se a pessoa não conseguir parar o sangramento, use um pano limpo e grosso como barreira para evitar o contato direto com o sangue. Se isso não for eficiente ou possível, aplique pressão proximal à artéria principal, que é uma pressão sobre a artéria acima do local da lesão para interromper o sangramento.

Contato Com o sangue da pessoa ferida

  • Lave bem as mãos o mais rápido possível se entrar em contato com sangue ou fluidos corporais.
  • Se sangue ou fluidos corporais entraram em contato em outra parte do corpo lave com bastante água, especialmente os olhos.
  • Se você for perfurado ou cortado com um objeto contaminado, lave bem a ferida e prenda com um curativo limpo e seco.
  • Faça exames e procure aconselhamento médico confidencial se estiver preocupado com o contato e alguma infecção.

Limpando derramamentos de sangue

  • Siga as precauções universais, proteja a área e absorva o derramamento de sangue com um material absorvente, como pano ou toalhas de papel.
  • Se não houver luvas médicas, use luvas grossas de borracha ou luvas de uso geral. Use outros materiais, como sacolas plásticas, para evitar o contato direto com o sangue se as luvas não estiverem disponíveis.
  • Limpe a área contaminada com um desinfetante (por exemplo, alvejante doméstico diluído 1:10 com água para fornecer uma concentração de 0,1–0,5%). Aguarde 10 a 15 minutos antes de enxaguar a área. No local de trabalho, siga as diretrizes de segurança do trabalho (SESMT).
  • Coloque todo o material contaminado em um saco plástico ou recipiente para descarte. Se disponível, use sacos e recipientes de risco biológico devidamente rotulados.

O que você pode fazer

Práticas de precaução e segurança são essenciais para impedir a transmissão do HIV ao dar primeiros socorros. Proteja-se e diga aos outros, incluindo amigos e familiares, como se proteger contra o HIV.

Embora o medo de contrair uma doença infecciosa seja um fator significativo na relutância em fornecer RCP, a chance de contrair uma doença infecciosa enquanto fornece RCP é extremamente baixa.

Recursos

Estatísticas Globais e dos EUA (link em inglês) — Analise os dados e tendências de HIV / AIDS fornecidos pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA.

Quais são os sintomas do HIV e quando eles aparecem? (link em inglês) — Aprenda os sintomas e o período de incubação do HIV / AIDS.

Eficácia virucida do sabão e da água contra o vírus da imunodeficiência humana nas secreções genitais (link em inglês) — Este relatório mostra como uma solução comum de sabão em barra e água da torneira pode ser usada para desativar o HIV nas secreções genitais.

Como o HIV é transmitido? (link em inglês) — Reveja os fatos sobre como o HIV é transmitido de uma pessoa para outra.

Terapia de HIV para mães que amamentam (link em inglês) — Este comunicado de imprensa do National Institute of Health (NIH) discute um regime antirretroviral de três drogas durante a amamentação que elimina essencialmente a transmissão do HIV pelo leite materno.

Medo de Infecção (link em inglês) — Leia um relatório sobre o medo de adquirir o HIV durante a RCP e os benefícios de iniciar uma ressuscitação que salva vidas para uma vítima em parada cardíaca.

Risco ocupacional de HIV para profissionais de saúde (link em inglês) — Examine os fatores de risco e o risco de infecção no decorrer das atividades profissionais.

Revisado e atualizado por  

 

Dra. Náthalie Puliti Hermida Reigada é médica com experiência em pronto-socorro e na área administrativa. Sua verdadeira paixão é estudar Medicina e outras línguas, como inglês e alemão.