Apac explica motivos de temporais em novembro

O mês de novembro costuma ser o mais seco do ano no Grande Recife, Zona da Mata e Agreste de Pernambuco, mas vem registrando chuvas, alagamentos e transtornos. A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) emitiu um alerta de precipitações de moderada a forte para três regiões do estado na terça (29).

O aviso é válido para Agreste, Zona da Mata Sul e Sertão até esta quarta-feira (30). A meteorologista da Apac Aparecida Fernandes afirmou que choveu ao menos 50 milímetros em mais de 20 das 184 cidades pernambucanas nas últimas 24 horas, o que é considerado chuva forte.

O município com o maior acumulado foi Arcoverde, no Sertão, com 154 milímetros, seguido por Buíque, na mesma região, com 143 milímetros nas últimas 24 horas, até as 9h. A média histórica para o mês de novembro é de 26,5 milímetros e 26,3 milímetros, respectivamente.

Em Petrolina, no Sertão, foram registrados 37 milímetros no mesmo período, o que acarretou alagamentos e transtornos na manhã desta quarta-feira (30). O esperado para todo o mês era de 41,7 milímetros.

Segundo a meteorologista Apac, um conjunto de fatores contribui para as chuvas mais fortes que têm sido registradas, entre eles, alguns que já estavam atuando no estado.

"Novembro é considerado o mês mais seco aqui em Pernambuco, apesar de já começar as pancadas de chuvas mais isoladas no Sertã, a gente chama de pré-estação chuvosa do Sertão. No Agreste, Zona da Mata e todo Litoral é o mês mais seco. Então, o que está acontecendo neste ano? Nós estamos com o fenômeno La Niña", disse a meteorologista Aparecida Fernandes.

O La Niña atua desde 2021 no Oceano Atlântico e deve influenciar o clima até 2023. "Esse fenômeno faz com que os sistemas meteorológicos que causem chuvas no Sul e Sudeste, principalmente a Zona de Convergência do Atlântico Sul, avancem mais para o norte e causem chuvas mais intensas aqui na região Nordeste", disse Aparecida.

Esse fenômeno também deve fazer com que a estação chuvosa no Sertão, que costuma começar em dezembro, tenha acumulados de água acima da média. "Então, vai ter chuvas acima da média e essas chuvas também devem se estender aqui para o Agreste", apontou.

A Zona de Confluência de Umidade também atua, deixando o tempo nublado e acarreta chuvas durante esta quarta-feira (30). Outro fator é a questão da temperatura do oceano.

"O Oceano Atlântico aqui na próxima costa do Nordeste permanece aquecido desde o ano passado. Por isso, nós estamos tendo chuvas mais intensas. Outro fator também em que as temperaturas do ar estão maiores. [...] Isso faz com que, quando entra um sistema meteorológico que traga mais vapor d'água, as chuvas fiquem mais intensas. Quanto maior a temperatura, maior a intensidade das chuvas", declarou.

Segundo a Apac, na terça (29), Cabrobó, no Sertão, teve volume de chuvas equivalente a dez vezes em relação ao que estava previsto para novembro. Nessa cidade, precipitações são consideradas normais para o período (veja vídeo acima).

Para esta quarta-feira (30), segundo Aparecida Fernandes, a expectativa é de continuidade de chuvas.  "Na Região Metropolitana do Recife, a previsão é de chuvas também de intensidade moderada, principalmente no período da manhã e início da tarde. Na Zona da Mata também, chuva foi de intensidade fraca. Agreste, Sertão e Mata Sul é onde se avista a probabilidade de chuvas mais fortes", apontou.

G1 Foto Ney Vital Redegn