Cientistas políticos explicam a importância do voto para deputados federais e senadores

No domingo (2), os eleitores também vão escolher deputados e senadores. Escolhas importantíssimas, que influenciam diretamente o dia a dia dos cidadãos. O que é fundamental saber para votar na eleição da Câmara e do Senado? Como fazer uma escolha consciente?

Às vésperas de ir às urnas pela primeira vez, Juliana procurava essas respostas. Fez um curso gratuito de política na internet e mudou a maneira de ver o Congresso.

Veja os vídeos da série do JN sobre a importância do voto para o Legislativo
“Eu acho que Congresso em si é um espelho da realidade do país. Existem diferentes opiniões e é necessário a gente escolher uma que represente mais a nossa opinião dentro do Estado”, conta a estudante Juliana Evangelista.


Câmara e Senado são, por excelência, as Casas onde acontecem os debates dos assuntos que movimentam o país.

“Atuar no Legislativo é fundamental. A sociedade organizada precisa perceber o Legislativo como um espaço de atuação e procurar exercer influência nesse espaço. O voto, ele vai ser fundamental, porque a gente compõe ali um mosaico”, explica a cientista política Flávia Biroli.

E desse mosaico de pensamentos e ideias são feitas as leis que mexem diretamente com a vida das pessoas: distribuição gratuita de absorventes higiênicos para mulheres de baixa renda; cobertura de tratamentos de saúde fora da lista da ANS; laqueadura e vasectomia sem autorização do cônjuge. Todas leis recentes, deste ano.

“Ao final do dia são os deputados e os senadores que vão tomar decisões que têm influência direta no nosso cotidiano. Seja um pagamento de impostos, o não pagamento de impostos, a concessão de algum tipo de benefício, a negação de algum tipo de benefício”, aponta o cientista político Creomar de Souza.

Poder também para julgar autoridades por crime de responsabilidade. Até o Presidente da República. E fiscalizar gastos e atos do governo.

“É um ambiente democrático. Pode ter as suas falhas, mas sem democracia essa relação de cobrança, essa transparência, essa ação de contas, elas não acontecem”, afirma Flávia Biroli.


Cabe ao Congresso aprovar o orçamento federal. Deputados e senadores decidem sobre recursos, por exemplo, que vão para a criação de novas escolas, construção de hospitais, financiamentos de projetos culturais, de farmácias populares.

Isso sem falar nos bilhões de reais que os parlamentares têm para distribuir com suas emendas. Neste ano, são mais de R$ 34 bilhões em emendas para obras e projetos nos estados. Quase metade desse dinheiro é do orçamento secreto, que não permite uma clara identificação de qual deputado ou senador foi beneficiado politicamente. Uma manobra dos parlamentares que elimina a transparência no uso do dinheiro público e virou alvo de investigação no STF.

Quando o eleitor digitar o voto nas urnas no dia 2 de outubro para escolher quem fica com as 513 vagas na Câmara, vai decidir ainda o futuro de partidos políticos. O túnel para a sobrevivência dos partidos vai ficar mais estreito com a eleição deste ano. Só vai receber dinheiro do fundo partidário e ter direito à propaganda de rádio e televisão quem eleger no mínimo 11 deputados ou conquistar ao menos 2% dos votos válidos em nove estados.

As novas regras também vão repercutir também sobre o funcionamento dos partidos na Câmara. O partido que não alcançar um dos dois índices não terá gabinete e funcionários de liderança. Perde força e pode até desaparecer.


“Os próprios partidos políticos em função das novas regras eleitorais têm valorizado a eleição legislativa. As medidas aprovadas recentemente vão levar a uma redução do quadro partidário, talvez até pela metade”, conta o doutor em Ciência Política pela UnB Leonardo Barreto.

O cientista político Creomar de Souza enfatiza que o voto deve levar em conta não apenas o candidato, mas também o partido e o grupo político que ele representa.

“Aquele que foi eleito é responsável pelos interesses de todos aqueles que votaram naquele grupamento partidário. Quando nós estamos falando da importância do Congresso Nacional, a gente precisa entender que o Congresso é quanto melhor, quanto mais pensada, pesada e analisada é a escolha de cada eleitor na composição do seu voto”, explica.

Juliana passa adiante o que aprendeu.

“Não somente pensar em si mesmo, mas também pensar em coletivo. Um país não é feito só de uma pessoa, é feito de várias. Então, é saber o que é melhor para o país, para cada estado, para o Distrito Federal. Entender isso, conseguir colocar em prática com diversas ações”, diz Juliana.

G1