Sete em cada 10 educadores dizem que estudantes estão mais agressivos após pico da pandemia, diz pesquisa

Profissionais da educação constataram um aumento da violência nas escolas, com o retorno das aulas presenciais. Dentro de uma escola de Petrópolis, Região Serrana do Rio de  Janeiro, tinha um grupo que não sabia brincar. Inventaram de fazer perguntas a um aluno da sala e, cada vez que ele errava, sofria uma agressão.

“Ele levou três socos. O primeiro foi dentro de sala de aula, o segundo foi no intervalo do recreio e o terceiro foi no ponto de ônibus, vindo para casa”, relata a mãe da vítima. O adolescente perdeu um dos testículos e enfrenta uma depressão. Uma professora de São Paulo também conta histórias de violência.

“Aconteceu que uma criança, eu fui impedi-la de subir na mesa, que já não é adequado, aí ela cuspiu no meu rosto. A escola está com um problema social grande, está com um problema emocional grande, colegas adoecendo”, conta a professora que foi vítima de violência.

Em uma pesquisa com mais de 5 mil entrevistas em todo o país, sete em cada 10 educadores dizem que a violência aumentou na reabertura das escolas depois do período mais crítico da pandemia e que os alunos estão mais agressivos entre si.

O resultado é o mesmo nas redes pública e privada, no centro e na periferia das cidades, em todas as regiões do país. Os educadores sentem que no tempo de escolas fechadas, uma parte das crianças e dos adolescentes desaprendeu o convívio social. Está mais difícil respeitar regras, ouvir, controlar as emoções.

“Eles primeiro tiveram que lidar com uma situação de isolamento e agora precisam lidar com a situação de volta ao convívio social. Então esse momento de volta também é um momento difícil assim como o momento de se isolar foi difícil”, explica a diretora da Associação Nova Escola, Ana Ligia Scachetti.
Segundo os educadores ouvidos na pesquisa, a maior agressividade é consequência de: doenças psicológicas, famílias vulneráveis, falta de socialização, falta de ações disciplinares e influência da região onde os alunos moram ou de onde está a escola.

A solução pode vir dos alunos.

Uma escola pública da Zona Sul de São Paulo tem uma comissão de mediadores. As crianças aprendem a lidar com as diferenças e a pensar antes de reagir.

“É fundamental o conflito, sem o conflito não tem como eu trabalhar uma forma de eles conhecerem outras formas de se relacionar através do respeito”, diz a professora Karina Moura de Medeiros.
Em Jacareí, no interior paulista, a diretora se fantasia para entrar na sala de aula. Ela quer que as crianças reaprendam a brincar.

“Nada melhor do que a alegria, a leveza, a descontração para ajudar as nossas crianças a enfrentar as suas emoções, os seus medos, as suas frustrações. Então a gente faz esse resgate da música, da brincadeira, do lúdico, e traz para dentro da sala de aula que automaticamente vai para fora da sala de aula, vai dentro da casa das crianças”, explica a diretora Ana Cristina Monteiro Leite.

jJornal Nacional e Folha S.Paulo