Amor-próprio

Acredito que muitos já tenham ouvido falar na palavra amor-próprio. Só não sei se muitos o vivenciam. Enfim, não cabe a mim, julgar. Mas, diante de algumas definições que a palavra amor-próprio poderá nos ofertar, uma delas é: “sentimento de dignidade, estima ou respeito que cada qual tem por si mesmo.”

A sociedade brasileira vem num cenário de vida, onde as polarizações políticas partidárias estão cada vez mais acirradas; as violências urbanas cada vez maiores; atitudes de psicopatias, demonstradas pelos telejornais, como no caso do médico anestesista, infelizmente; assim como tantas outras situações tristes.

Como buscar a dignidade, a estima e o respeito através de nós mesmos, numa condição à qual a sociedade brasileira está inserida? Os acontecimentos do meio não só são tóxicos, como são adoecedores. Certamente que temos que estar sempre vigilantes. Como de costume, toda vez que peço comida a domicílio, já fico preparado para quando chegar, receber logo. Claro! Sabemos que imprevistos acontecem. Mas, sabemos que muitos entregadores de comidas, ganham por entregas realizadas. Então, quanto mais eu demorar a recebê-lo, menos o profissional adquirirá, financeiramente, no final do expediente. Do contrário, vivemos num mundo capitalista. Infelizmente!!!

Certa feita, eu teria me atrasado um pouco, em média de cinco minutos, para receber a encomenda. Ao me deparar com o entregador, pedi perdão. O mesmo disse: “Não há de quê, senhor, pedir perdão. Em média, eu espero quinze minutos, por cliente, para entregar a comida.” Meu Deus, quinze minutos, em média! Um quarto de hora! Quanto esse trabalhador estará deixando de ganhar no final de um dia de trabalho? Repito! Imprevistos acontecem. Mas, a nossa consciência, nos conhece. 

Ora! Isso que acabo de discorrer, não tem a ver com amor ao próximo, em vez de amor-próprio? Tem! Mas, o amor ao próximo, inicia-se pelo amor-próprio. Afinal, só oferecemos ao outro (amor ao próximo), aquilo que temos. Se não temos amor-próprio, como ofereceremos amor ao próximo? Assim sendo, o amor ofertado ao outro, será de forma fake (palavrinha tão utilizada no mundo contemporâneo); ou seja, será um amor falso, ou com segundas intenções. E de segundas intenções, o mundo está cheio. Infelizmente! Seja na esfera política, seja na esfera trabalhista; assim como em muitos ambientes.

O saudoso psicólogo humanista Carl Rogers comungava da preocupação ao outro, através da empatia; ou seja, colocando-se no lugar do próximo. E esse “colocar-se” geralmente era realizado através da congruência; isto é, sintonizado com o outro. Você realiza isto no seu dia a dia? O que está faltando para iniciar, caso não tenha desfrutado disto ainda?

Por fim, caro leitor, eis a questão! Você tem amor-próprio? Caso não, o que está faltando para adquiri-lo? 

Gustavo Figueirêdo-Especialista em Saúde Mental e Psicólogo Clínico

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