Falar sobre semipresidencialismo é “grosseria” e “desinformação”, diz Lira sobre Lula

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta terça-feira (3), que as críticas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o semipresidencialismo representam uma “grosseria” e uma “desinformação”.

Mais cedo, também nesta terça, Lula afirmou que Lira “acha que pode mandar, inclusive, administrando o orçamento” e reforçou que o orçamento deve ser administrado pelo governo federal.

“Falar de semipresidencialismo como golpe é desconhecimento ou má informação. Falar de mim sem conhecer é má-fé”, disse o deputado, que afirmou não conhecer o ex-presidente e que nunca teve “o prazer ou o desprazer” de estar com o ex-presidente.

“Dizer que o Congresso não pode legislar sobre o orçamento, só quem vem com intenção de fazer ditadura no Brasil, só quem vem atrás de fazer sistemas totalitários no Brasil”, criticou Lira.

“Falar sobre semipresidencialismo é grosseria, é desinformação. Ele [Lula] não pode querer pautar, antes de ser eleito ou não, o que este Congresso vai debater”, continuou o presidente da Câmara.

Lira ressaltou ainda que defende uma “proposta de debate” sobre o tema. “Posso ser comparado a imperador, mas nunca a ditador”, rebateu.

O deputado acrescentou que, “se tiver erro” nas propostas sobre o semipresencialismo, a questão será debatida. “Mas dizer que Congresso não pode legislar sobre orçamento? Isso é desinformação de quem está a anos-luz atrás da modernidade dos tempos de 2022.”

Lira também ironizou o fato de Lula tê-lo comparado ao imperador do Japão. “Lula vem cometendo atos falhos o tempo todo, não é só comigo. Ele me comparar, dizendo que sou poderoso, ao imperador do Japão, comete ato falho da política mundial grave. Ele bateu no imperador do Japão, que lá não manda nada. Quem manda no Japão é primeiro-ministro”, destacou.

Entenda a polêmica

Pela manhã, o ex-presidente Lula fez críticas a Arthur Lira e à proposta de mudança do presidencialismo para o semipresidencialismo, que é defendida pelo presidente da Câmara.

“Ele [Lira] acha que pode mandar, inclusive, administrando o orçamento. O orçamento é aprovado pela Câmara e pelo Congresso, mas tem que ser administrado pelo governo [federal] porque é para isso que o governo é eleito. E é o governo que decide cumprir o orçamento aprovado em função da realidade financeira do Estado brasileiro”, afirmou Lula.

“Temos que ter conhecimento de uma coisa, se a gente ganhar as eleições e o atual presidente da Câmara continuar com o poder imperial, porque ele já ‘tá’ querendo criar o semipresidencialismo, ele já quer tirar o poder do presidente para que o poder fique na Câmara e ele aja como o imperador do Japão”, disse Lula, em um discurso.

CNN / foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil