Elifas Andreato morre aos 76 anos. Artista foi autor de mais de 700 capas de discos e DVDs

Autor de mais de 700 capas de LPs, Cds e DVDs, Elifas Andreato morreu, aos 76 anos, na manhã desta terça-feira (29/3), em decorrência de complicações após um infarto. Ilustrador de artista plástico, Andreato criou uma linguagem visual que estampou boa parte da produção musical do Brasil no século 20.

Com mais de 40 anos de carreira, o artista foi responsável por capas emblemáticas da história da indústria fonográfica no país. Pelas tintas coloridas do paranaense de Rolândia passaram discos de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Paulinho da Viola, Elis Regina, Martinho da Vila, Vinicius de Moraes, Toquinho, Adoniran Barbosa, Noel Rosa e praticamente toda a elite da produção nacional. 

A informação sobre a morte do ilustrador foi divulgada pela família, no Instagram de Elias Andreato, irmão do artista. "Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria", escreveu Elias.Segundo a família, o corpo será velado no crematório da Vila Alpina, em São Paulo, às 16h, nesta terça-feira (29/3).

Confira texto despedida de Elias:

Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino.
Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria.

Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via.

Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos.

Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos.

E eu que também era pequenino, ficava ao seu lado, tentando entender o que ele tinha de especial, dado pelos deuses, que habitavam o nosso pequeno quintal.

Um dia... Que eu estava distraído ao pé da cama, tentando pensar numa prece, para pedir que ele fosse feliz, um anjo pousou no terreiro e me disse que o meu irmão mais velho, tinha sido escolhido, para colorir o mundo cinza em que vivíamos.

Eu me lembro de que fiquei mudo, como convém aos mortais, diante de qualquer aparição divina... Fiquei ali olhando para o céu, completamente agradecido, por ser seu irmão, e me senti protegido, por toda a beleza e foi assim que entendi o papel do artista que ele era.
O meu irmão criador de tantas maravilhas era também um anjo desenhador, que veio a este mundo para colorir nossas vidas e pintar nossos sonhos de amor.

Voltei ao pé da cama e estou até hoje, de joelhos, rezando para os deuses protegerem meu irmão, para que a sua criação sirva de inspiração para os homens pensarem na beleza!

E quando os homens forem amigos dos homens, vou saber que o meu irmão não sonhou em vão.

Que o país que ele imaginou, possa ser colorido para todos!
Que a política do seu traço, seja homenageada SEMPRE!

Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo:
A DIGNIDADE!

Irmão meu amado, você coloriu meu coração.
elias

Redação redeGN com informações G1 e Correio Braziliense