Dias 26, 29 e 31 de março acontecerá o projeto “Rota do Vaqueiro – Sabenças e Cantorias no Sertão”

Por causa da pandemia de Covid-19, a Missa do Vaqueiro de Serrita está há dois anos sem ser realizada. Com o objetivo de garantir um auxílio aos fazedores de cultura da região, o tradicional evento ganha três prévias no mês de março.

O projeto “A Rota do Vaqueiro – sabenças e cantorias no Sertão” envolve três municípios sertanejos: Moreilândia (dia 26), Serrita (dia 29) e Exu (dia 31). As prévias acontecem sempre a partir das 19h, em local aberto e com acesso gratuito.

A programação conta com apresentações de trios de forró pé de serra, repentistas, aboiadores, bandas de pífanos, recitais e depoimentos gravados. Os eventos são inspirados na “Rota do Vaqueiro”, que existe há mais de 40 anos. Sempre no quarto domingo do mês de julho, vaqueiros de várias localidades se reúnem em Exu, ao nascer do sol e, pelas veredas da caatinga, fazem o trajeto com destino à Missa do Vaqueiro, em Serrita. 

O projeto está sendo viabilizado com recurso do da Lei Aldir Blanc e apoio das prefeituras e do Governo de Pernambuco. Segundo os organizadores, as festividades devem gerar cerca de 140 empregos e o público estimado é de 3 mil pessoas.
Confira a programação das prévias:

Moreilândia (26)  Local: Praça da Matriz

Banda de Pífanos, Henrique Brandão, Cícero Mendes e Chico Justino, Serginho Gomes, zé Carlos do Pajeú e André Santos, Francisco do Acordeon, Matheus do Acordeon

Serrita (29) Local: Calçadão da Matriz

Banda de Pífanos

Henrique Brandão

Cícero Mendes e Chico Justino, Zé Carlos do Pajeú e André Santos

Vaqueiros da Pisada

Rodrigo Xonado

Serginho Gomes

***Exu (31) Local: Praça da Matriz

Banda de Pífanos

Henrique Brandão

Chico Justino e Antônio Santana, Zé Carlos do Pajeú e André Santos

Memel Carvalho

Cosmo do Acordeon

Tony Monteiro

 

MISSA DO VAQUEIRO SERRITA:
Realizada anualmente, a Missa do Vaqueiro, no terceir domingo do mês de julho, tem em suas origens uma história que foi consagrada na voz de Luiz Gonzaga: a de Raimundo Jacó, um vaqueiro habilidoso na arte de aboiar. Reza a lenda que seu canto atraía o gado, mas atraía também a inveja dos colegas de profissão, fato que culminou em sua morte numa emboscada. O fiel companheiro do vaqueiro na aboiada, um cachorro, velou o corpo do dono dia e noite, até morrer de fome e sede.

A história de coragem se transformou num mito do Sertão e três anos após o trágico fim, sua vida foi imortalizada pelo canto de Luiz Gonzaga, na Música a Morte do Vaqueiro. O Rei do Baião, que era primo de Jacó, transformou “A Morte do Vaqueiro” numa das mais conhecidas e emocionantes canções brasileiras. Mas Gonzaga queria mais, e se juntou o poeta Pedro Bandeira e a João Câncio dos Santos – padre que ao ver a pobreza e as injustiças cometidas contra os sertanejos passou a pregar a palavra de Deus vestido de gibão – para fazer do caso de Jacó o mote para o ofício do vaqueiro e a celebração da coragem.

Assim, em 1970, o Sítio Lajes, em Serrita, onde o corpo de Jacó foi encontrado, recebe a primeira Missa do Vaqueiro. De acordo com a tradição, o início da celebração é dado com uma procissão de mil vaqueiros a cavalo, que levam, em honras a Raimundo Jacó, oferendas – como chapéu de couro, chicotes e berrantes – ao altar de pedra rústica em formato de ferradura.

A missa, uma verdadeira romaria de renovação da fé, acontece sempre ao ar livre e se assemelha bastante aos rituais católicos, porém contando com toques especiais que caracterizam o evento: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo.

Redação redeGN