Privatização de loterias pode diminuir repasses sociais para menos da metade, alerta Fenae

O plano do Ministério de Economia de acabar com o monopólio das loterias ainda no primeiro semestre de 2022 pode comprometer o futuro de programas sociais históricos financiados pela Caixa, alerta a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae).

De acordo com o presidente da entidade, Sergio Takemoto, a privatização do segmento pode resultar em perda de mais da metade das verbas destinadas a políticas públicas.

Atualmente, em torno de 40% dos lucros da Caixa Loterias são investidos em iniciativas sociais nas áreas de esporte, educação, cultura e outras. Em 2020, foram destinados R$ 8 bilhões — isto é, aproximadamente 47% dos R$ 17,1 arrecadados. “Mesmo com a privatização, as empresas deverão continuar fazendo os repasses, por lei, mas será uma fatia bem menor. Se tomarmos como exemplo o que ia ser feito com a concessão da Lotex, a porcentagem cairia para 16%, bem menos da metade”, explica Takemoto.

O presidente da Fenae destaca, ainda, o efeito negativo para o próprio balanço da Caixa. “As loterias são um dos negócios mais rentáveis do banco, com lucro de cerca de R$ 1 bilhão por ano”, diz Takemoto. “Se for mesmo concretizada, a venda da subsidiária trará ganhos apenas a curto prazo, inflando o resultado anual. A longo prazo, se perdem importantes receitas recorrentes, enfraquecendo a empresa”, detalha.

Para impedir o avanço dos planos de venda das loterias, a Fenae está mobilizando parlamentares. Segundo Takemoto, a privatização de outros segmentos da Caixa, já em andamento, pode agravar ainda mais o impacto na lucratividade do banco. No início deste ano, 17% da Caixa Seguridade foram vendidos e o plano do governo e da atual gestão da estatal — a cargo de Pedro Guimarães — é fazer o mesmo com a DTVM Caixa e o setor de cartões ainda em 2022.

“A abertura de capital das subsidiárias pode reduzir o lucro da Caixa em R$ 29 bilhões na próxima década. Para se ter uma ideia, esse é o valor anual do Bolsa Família [criado em 2003 e extinto pelo governo Bolsonaro]. Ou seja, quem mais perde com a privatização são os brasileiros, que ficam sem políticas públicas essenciais”, ressalta o presidente da Fenae.

Ascom Fenae