Ocupação das UTIs da rede pública chega perto de 80% e acende alerta

O médico Aristótenes Cardona durante entrevista na Rádio Jornal, alertou que os números de pessoas infectadas indicam um novo aumento substancial de casos da Covid-19 em Pernambuco.

Os números dos boletins apresentam uma mudança no cenário de ocupação dos leitos de terapia intensiva (UTI) de rede de saúde pública do Estado destinados ao atendimento de pacientes com a doença provocada pelo novo coronavírus. 

Juazeiro e Petrolina apresentaram nos últimos dias aumento de casos. Chama à atenção que, há 15 dias, o número de leitos de UTI para a Covid-19 internados era bem menor.

Os dados sugerem um acréscimo dos pacientes em regime de terapia intensiva em um intervalo de três semanas. Vale ressaltar que esses dados correspondem apenas à rede pública, não contabilizando as hospitalizações em unidades privadas de saúde.  

O médico infectologista Bruno Ishigami, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), faz uma abordagem geral do cenário da pandemia para explicar o porquê desse recorte de ocupação dos leitos de UTI merecer uma atenção especial. 

"No Brasil, de forma geral, testa-se muito pouco, sempre teve esse problema. Quando vem testar, é porque a chance de ser um resultado positivo já é muito alta. Por conta disso, a gente perde muito o parâmetro de como está a pandemia”, diz ele. 

“Uma coisa que mantém o padrão, no entanto, é a condição de internamento. Só interna quem está grave. E se a gente percebe um aumento nessa demanda é porque teve aumento de casos. Esse é um dos dados mais fiéis”, completa o médico.

"A gente deve pegar isso como um alerta para a piora. O alerta que o aumento dessa taxa de ocupação acende é que o tempo entre a pessoa contrair o vírus e necessitar de um leito é, em média, de sete a 10 dias. Se a gente está vendo a taxa aumentar agora, é porque essas pessoas se contaminaram há sete ou 10 dias. O que eu penso é: 'O que estamos fazendo agora para evitar que haja fila de UTI daqui a um ou dois meses?’ O cenário é sempre o reflexo de dias anteriores”, pontua ele.  

"Ainda estou com receio de dizer que começamos uma segunda onda. Mas a tendência é de subida. Está piorando e, de repente, pode tomar uma proporção absurda.Mas o medo da população só chega quando o perigo está na família. E, daqui que a população sinta, o tempo de tomar medidas já passou. A gente vai ficar fingindo que está tudo bem até quando?”, questiona o infectologista.

Redação redeGN