Síndrome do olho seco pode aumentar chance de infecção por coronavírus

Em algumas localidades do Brasil, muitas pessoas estão acostumados ao período de seca e aos sintomas decorrentes da baixa umidade do ar. Mas, além da pele seca, rachadura nos lábios e sensação de sede mais frequente, os olhos também são afetados pelo clima. A síndrome do olho seco, que consiste na inflamação dos órgãos devido a alterações na composição ou produção das lágrimas, aflige muitas pessoas, em especial durante o período de estiagem.

De acordo com a médica Micheline Borges Lucas, oftalmologista especialista em córnea e doenças externas do olho, o filme lacrimal é uma proteção dos olhos, que preserva o órgão das agressões do meio ambiente. Composta, entre outros elementos, por líquidos, esta camada é alterada neste período, diminuindo a capacidade de preservação.

Com isso, as pessoas podem perceber vermelhidão na área e sentir maior necessidade de levar a mão aos olhos para coçá-los - o que é fortemente desencorajado em tempos de pandemia. Por serem considerados porta de entrada para o vírus, é importante assegurar-se, sempre, de que as mãos estão limpas antes de fazê-lo.

A médica afirma que o estado de irritabilidade do olho pode, inclusive, aumentar os riscos de infecção. "Se a pessoa está com o olho irritado, tem mais receptores nessas células e pode se contaminar mais facilmente", avalia.

Para diminuir riscos de contaminação e os efeitos da seca, a especialista recomenda cuidados especiais neste período. Em primeiro lugar, é importante o uso de colírio para garantir a lubrificação da área. O ato de piscar também é uma forma de lubrificação natural, então lembrar de fazê-lo, de tempos em tempos, também pode ser uma solução.

Para quem usa óculos, a recomendação é que não os esqueça, porque eles ajudam na proteção da mucosa do olho. E, claro, beber bastante água, que contribui na lubrificação natural, além de apaziguar outros sintomas da baixa umidade do ar.

Outro fator importante é reduzir a exposição às telas de computadores, tablets e smartphones, que contribuem para o ressecamento da córnea, uma vez que piscamos menos ao utilizá-los.

Como, no mundo moderno, a exposição a estes equipamentos eletrônicos é quase inevitável, Micheline Borges recomenda uma pausa de 10 minutos, a cada uma hora no trabalho, por exemplo. O importante, no entanto, é descansar os olhos - ou seja, a pausa do computador não pode envolver passar o tempo no celular.

A especialista chama atenção, ainda, para o fato de que a qualidade e produção das lágrimas vão diminuindo com o tempo, então pessoas mais velhas podem estar mais suscetíveis à síndrome do olho seco.

No entanto, devido à crescente exposição dos jovens às telas - em especial durante a pandemia -, a aparição de sintomas de inflamação e irritação nos olhos dos pequenos também preocupa os especialistas.

"É muito frequente, com o envelhecimento, agravarem os sintomas do olho seco. Mas, com a exposição das crianças à tela aumentaram muito as queixas delas de olho vermelho ao fim do dia. A gente tem que tomar conta das crianças", completa.

Correio Braziliense