Jornalista e radialista José Paulo de Andrade morre aos 78 anos, vítima de Covid-19

O jornalista e radialista José Paulo de Andrade, de 78 anos, morreu Nesta sexta-feira (17), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein desde o dia 7 de julho após ser diagnosticado com coronavírus.

Ele trabalhou por 57 anos na Rádio Bandeirantes e ficou conhecido por apresentar o programa "O Pulo do Gato" desde que estreou em 1973. Ele começou a trabalhar na rádio como narrador esportivo em 1963.

Zé Paulo, como era chamado pelos amigos, também era bacharel de Direito formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco, da Universidade de São Paulo (USP). Ele começou a carreira profissional em 1960 como radioescuta do plantão esportivo da Rádio América de São Paulo.

O jornalista também participou de debates políticos na televisão e foi âncora de telejornais como Titulares da Notícia, Jornal de São Paulo, Rede Cidade, Band Cidade e Entrevista Coletiva. Ainda na TV Bandeirantes, interpretou Don Diego/Zorro em As Aventuras do Zorro, em 1969.

O Grupo Bandeirantes lamentou a morte do apresentador. "Com uma voz firme, amplo conhecimento político-econômico, são-paulino fanático e um dos maiores formadores de opinião do Brasil, José Paulo tinha um coração gigante e um caráter ímpar. Com 57 anos de Rádio Bandeirantes, José Paulo de Andrade deixará um legado indiscutível, um vazio enorme e muitas saudades", disse, em nota.

Ele deixa mulher e dois filhos.

Detalhe: Em 2018, o produto jornalístico mais longevo da história do rádio brasileiro, o programa  ‘O Pulo do Gato’ passou a ter espaço para além das ondas radiofônicas. No ano em que completou 45 anos ininterruptos no ar, a atração da Rádio Bandeirantes ganhou vez no mercado editorial. O livro Esse Gato Ninguém Segura, escrito pelo jornalista Claudio Junqueira, apresenta dados e curiosidades sobre o programa que há décadas ocupa a grade da Rádio Bandeirantes, e tinha a condução de José Paulo de Andrade.

Uma das curiosidades contadas no livro é justamente em relação a José Paulo de Andrade. Na publicação, o autor conta que o comunicador só não foi o titular da atração desde o início de sua história por “birra” de Hélio Ribeiro. Na hora de estrear o noticiário, em 2 de abril de 1973, o então diretor artístico da Rádio Bandeirantes escolheu Rafael Gióia Junior para o comando do programa. O período do apresentador e político à frente do conteúdo durou apenas duas semanas. Desde então, Zé Paulo – como o experiente comunicador também é conhecido – e ‘O Pulo do Gato’ se tornaram sinônimos, conforme enfatiza o escritor.

“No título [do livro], O Zé Paulo está ‘dentro’ do nome ‘O Pulo do Gato’. Não dá para separar um do outro. A ligação é muito forte, um complementa o outro. O Zé Paulo é ‘O Pulo do Gato’ e ‘O Pulo do Gato’ é o José Paulo de Andrade”, afirmou Claudio Junqueira em entrevista ao BandNews TV. 

Em meio ao trabalho de produção da obra, o autor destaca que realizou pesquisas para decifrar quais os fatores responsáveis pelo sucesso do programa, que atualmente é transmitido de segunda a sexta-feira, das 5h30 às 7h. “O segredo é o Zé Paulo”, enfatiza o jornalista responsável pelo trabalho literário.

O livro Esse Gato Ninguém Segura surgiu como trabalho acadêmico. Isso porque o programa da Rádio Bandeirantes foi tema da dissertação de mestrado defendida por Claudio Junqueira. O profissional estudou comunicação e cultura midiática na Universidade Paulista (Unip). 

Na academia, ele realizou mais de 30 entrevistas para ter acesso a detalhes, informações e dados referentes ao programa. Foram dois anos de dedicação, incluindo idas e vindas ao Centro de Documentação e Memória do Grupo Bandeirantes de Comunicação. Distribuído pela editora Letras do Pensamento, o livro foi organizado e adaptado por Marc Tawil.

“O sentimento que fica é o de dever cumprido. O dever de revelar ao ouvinte do programa detalhes importes sobre a concepção, criação e produção de um dos jornalísticos mais importantes e ouvidos do rádio brasileiro. Além disso, agradeço a Deus a possibilidade e a oportunidade de poder condensar toda história vitoriosa do matutino nesses últimos 45 anos e prestar uma homenagem ao Zé Paulo, um dos maiores jornalistas e radialistas do país. O ouvinte e o Zé mereciam essa publicação”. É o que conta Claudio Junqueira à reportagem do Portal Comunique-se.

Redação Blog com informações G1