Floriano-PI é citada por prefeito e secretária de saúde de Juazeiro e vereador de Petrolina. Conheça o protocolo usado no município

O município de Floriano, Piauí, foi citada na manhã de hoje durante a coletiva do prefeito de Juazeiro, Bahia e também na semana passa pelo vereador Ronaldo Silva, que recentemente teve cura clínica do Coronavírus.

Floriano foi uma das primeiras cidades no Brasil a ofertar na rede de Atenção Básica do município a cloroquina e azitromicina, medicação utilizada no tratamento da covid-19. A Secretaria Municipal de Floriano, cidade localizada a cerca de 350km de Juazeiro e Petrolina, está distribuindo kit de hidroxicloroquina e azitromicima para pacientes fazerem o tratamento em casa. Um total de 21 pacientes estão sendo monitorados pela Secretaria Municipal de Saúde de Floriano e tem conseguido bons resultados.

Com isto a cidade de Floriano vem ganhando cada vez mais as rodas de conversas e também dos profissionais de saúde que argumentam sobre o assunto.

Um vídeo gravado pelo médico oncologista Saba Vieira em 8 de maio, no qual ele relata um protocolo adotado pelo médico Justino Moreira, diretor clínico do Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, para o tratamento precoce de pacientes com o novo coronavírus é um dos mais comentados. "Não existe nenhum registro científico ou comparativo de que a melhora clínica dos pacientes foi exclusivamente por conta das medicações", diz o oncologista.

No vídeo, Vieira diz que no tratamento oferecido pelo hospital há "duas janelas de oportunidade" para quem contraiu a doença. A primeira é a aplicação de cloroquina com azitromicina em pacientes que apresentaram sintomas de um a sete dias. A segunda é o uso de corticoides em pacientes que apresentam sintomas depois de sete a doze dias. Com a repercussão do vídeo, o médico que fez a gravação compartilhou em seu Facebook uma das publicações e escreveu que "o conteúdo e o título estão distorcidos". 

A redeGN tentou contato com o médico Justino Moreira, diretor clínico do Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, mas ele não atendeu às solicitações de entrevista.

A secretaria de Saúde de Floriano desde 2 de maio vem adotando duas abordagens para pacientes que estão com comprometimento pulmonar e não têm comorbidades. Ao todo, 15 pessoas foram submetidas ao protocolo, com prognóstico positivo, mas ainda não há evidências suficientes para dizer que estão curadas. Isso porque, apesar de os pacientes terem apresentado melhora clínica, apenas cinco já tiveram alta. Quatro ainda estão em tratamento domiciliar e os outros seis seguem internados em leitos clínicos. Nem todos passaram pelos exames necessários de radiografia para receber o laudo de alta da Covid-19. 

A OMS (Organização Mundial da Saúde) também não reconhece nenhum medicamento ou vacina para ou vacina para a Covid-19.

A experiência no hospital do Piauí não tem um grupo de controle. Ou seja, não há pacientes que não fizeram uso do tratamento para fins científicos de comparação. O próprio Justino faz a ressalva de que o número de pessoas tratadas em Floriano é pequeno e ainda não serve como evidência científica para a eficácia da cloroquina ou do corticoide contra a Covid-19.

De acordo com o médico, as publicações que divulgaram o uso de cloroquina não citam que pacientes ainda estão em tratamento e que há ao menos seis pessoas internadas com Covid-19 nos leitos ambulatoriais. Justino afirmou que o uso de corticoide é o que mais tem dado resultado. 

A medicação, segundo afirma Justino, tem evitado que a doença se agrave a ponto de necessitar de intubação e, consequentemente, internação na UTI. O Hospital Regional Tibério Nunes, localizado no interior do Piauí, tem 10 leitos de Unidade de Terapia Intensiva e 15 leitos de ambulatório destinados à Covid-19.

O fato é que o protocolo de tratamento aplicado no Hospital Regional Tibério Nunes contra a Covid-19 tem chamado a atenção pelos resultados alcançados. Para conhecer esse trabalho, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, foi até o município, na última quinta-feira (14), e reuniu-se com o prefeito da cidade, secretário municipal de saúde, médicos e visitou a unidade de saúde. 

Pelo método adotado no hospital, o diagnóstico precoce é essencial para o sucesso no tratamento, que envolve o uso controlado de hidroxicloroquina, azitromicina e corticóides de acordo com o estágio da doença. Assim, os médicos têm conseguido conter as primeiras fases da Covid-19 e evitar evolução à etapa em que o paciente precisa de ventilação mecânica e internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

“Saímos impactados com o que vimos aqui: a união de forças e o trabalho começando desde a atenção básica. Estamos levando oficialmente o protocolo que está sendo aplicado aqui para que ele seja apresentado para todo o Brasil”, disse a ministra. 

A ministra Damares disse que ouviu o relato de resultados positivos alcançados pelo tratamento e soube que diversos médicos têm buscado informações sobre o protocolo aplicado em Floriano. “Os resultados aqui alcançados são incontestáveis”, avaliou Damares. 

A ministra destacou a integração das equipes de atenção básica à saúde e do hospital regional como um dos fatores que contribuiu para os bons resultados no município. “Temos que copiar esse modelo da junção de forças e o investimento na atenção básica, e ouvir os médicos”, afirmou. 

O método adotado no Hospital Regional Tibério Nunes contou com a orientação da médica piauiense Marina Bucar Barjud, que trabalha no combate à doença no Hospital HM Puerta del Sur, em Madrid, na Espanha.

EM JUAZEIRO: A secretária de saúde, Fabíola Ribeiro, comentou sobre o uso do medicamento no combate ao Covid-19 na cidade: "Estamos acompanhando tudo isso, a questão da cidade de Floriano -PI, mas não temos como fazer isso sem uma base científica, portanto, Juazeiro não irá adotar esta proposta terapêutica" comentou.

Redação redeGN Foto: Ilustrativa