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Artigo - A ararinha-azul de volta ao céu do sertão

Esta semana tive a notícia de que cientistas irão soltar 20 ararinhas azuis em Curaçá no Estado da Bahia. Estas aves, extintas na natureza faz 20 anos, vieram de criadouros da Alemanha. As mesmas fazem parte do grupo de 50 indivíduos mantidos em um viveiro no referido município.

A soltura está programada para 11 de junho do corrente ano. Depois de receber esta notícia de um amigo, li vários artigos em sites e blogs exaltando e aplaudindo a ação do Ministério do Meio Ambiente, Instituto Chico Mendes, ICMBio, entre outras autarquias envolvidas...

Artigo: UAUÁ: MUDANÇAS CLIMÁTICAS X MUDANÇAS POLÍTICAS

Ao longo dos séculos nossa terra, nosso povo e nossos animais sofrem com as longas estiagens. Mas as secas, esse fardo que pesa sobre nossos ombros sertanejos nos faz mal? Ora a avarenta cobiça de nós homens e mulheres que aqui moramos ou trabalhamos seja talvez um mal pior que esse fenômeno natural. Desmatamos 93% da caatinga, matamos nossos rios, e os que ainda não matamos estamos o fazendo. Aramos nossas terras férteis para produzir mais rápido e causamos erosões. Construímos estradas, caçamos os animais silvestres, um por um, até extinguir muitos deles. Construímos nossas cidades e sobre elas, despejamos nossos esgotos e próximos delas nosso lixo. 

As secas que douraram e blindaram nossas árvores, que deixaram esse pedaço de Brasil Árido, distinto doutras florestas, as mesmas secas que constituíram um dos maiores e mais diversos ecossistemas do mundo – a caatinga, como entender essa variante climática? Ou como conviver com ela, qual é o seu histórico?

Nos registros do escritor e jornalista Euclides da Cunha, na nossa região, aparecem evidencias que as secas causaram sérios problemas nos séculos XIII e XIV para os povos que aqui moravam. Em seu mais famoso livro Os Sertões ele dedicou o capitulo IV ao assunto. Esse trecho do livro descreve o fenômeno como um grande pavor para as populações que ali habitavam: "Desse modo é natural que as vicissitudes climáticas daqueles nele se exercitem com a mesma intensidade, nomeadamente em sua manifestação mais incisiva, definida numa palavra que é o terror máximo dos rudes patrícios que por ali se agitam — a seca". Noutro trecho ele lista as principais secas desde 1710 aos dias que precederam o final da Guerra de Canudos: "Assim, para citarmos apenas as maiores, as secas de 1710-1711, 1723-1727, 1736-1737, 1744-1745, 1777- 1778, do século XVIII, se justapõem às de 1808-1809, 1824-1825, 1835-1837, 1844-1845, 1877-1879...", (do século XIX.) Das citações de Cunha às mais recentes secas, ficaram conhecidas por nossos bisavôs ou bisavós, como contava minha tia-bisavó Idalina Dantas os seguintes períodos. Foram secos os anos de 1915, 1931-1932, 1934-1936, 1939, 1955, 1961, 1976, 1979-1985, 1993, 1998-1999 do século XX...