A busca por exames de coronavírus na rede privada disparou nos últimos dias e fez com que os laboratórios da capital investissem em testes no esquema drive-thru ou com coleta domiciliar, que custam de R$ 70 a R$ 350.
*Entre os dez países com maior número de casos de covid-19 no mundo, o Brasil é o que fez menos testes por 1.000 habitantes. O levantamento foi feito pelo Estadão com base nos dados da plataforma Our World In Data, ligada à Universidade de Oxford, e do Ministério da Saúde brasileiro.
A testagem em massa e o rastreamento de contatos com infectados estão entre as estratégias consideradas essenciais para o controle da pandemia e a reabertura econômica com segurança.
Os números analisados para esta reportagem consideram apenas os testes RT-PCR (os moleculares, considerados padrão ouro para o diagnóstico da doença) feitos pela rede pública de saúde. Não há estimativa de quantos foram feitos na rede privada. Até março, o Brasil havia feito 16,4 milhões de testes desse tipo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O levantamento também não inclui exames rápidos, como aqueles testes rápidos de farmácia.
Alessandro Farias, coordenador de diagnóstico da força-tarefa contra a covid 19 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor da instituição, afirma que os dados de casos do Brasil "não interessam mais para nada." Ele lembra que 80% dos infectados são assintomáticos ou têm poucos sintomas. "O Brasil escolheu não testar os assintomáticos."
O especialista diz que testar pessoas sintomáticas, com sinais claros de infecção por coronavírus, ajuda apenas na hora de isolar esses pacientes, seja em alas hospitalares, seja em casa. "O governo brasileiro escolheu não fazer testagem em massa. Testar sintomáticos é quase inócuo porque não há um tratamento específico para a covid", pontua Farias.
Ele diz que a falta de testes atrapalha a formulação de uma estratégia para combater a pandemia, enquanto a testagem em massa serve para implementar medidas mais acertadas. "Sem teste, você não consegue saber com antecedência o que vai acontecer. Só sabe quando o colapso chega aos hospitais", diz Farias.
Outro ponto levantado pelo professor é a confiança da população. "Se você tem dados de testagem, consegue informar à população sobre o que está acontecendo. Sabe dizer por que vai fechar o comércio hoje. E a população vê o resultado", destaca.
Exame Foto Ilustrativa
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