No Brasil, as últimas semanas têm registrado uma tendência de queda no contágio e no número de óbitos. E os especialistas afirmam que foi o resultado de uma série de cuidados que os brasileiros tomaram pra combater a pandemia.
Nas ruas, os rostos cobertos com máscaras. Os cuidados tomados nas empresas, por trabalhadores, comerciantes e prestadores de serviços, tudo isso somado ao que os profissionais de saúde aprenderam nos últimos meses, vai aparecendo em números.
Em setembro, o número mensal de mortes por Covid caiu 23%, quase o dobro da queda registrada em agosto que tinha sido de 12%.
“A pandemia está desacelerando no Brasil, os números estão caindo. Eles até estão caindo mais devagar do que a gente gostaria, gostaríamos que já caísse mais rápido. Não está caindo rápido, mas pelo menos eles estão caindo, então a população brasileira, que está tão necessitada de boas notícias, pode, sim, considerar uma boa notícia essa queda da média móvel”, diz Pedro Hallal, epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas.
Setembro não teve um dia sequer de aumento no número de casos e de mortes registrados na média móvel geral do país. Foram 17 dias de estabilidade nos casos e 13 dias de queda. Já a média de óbitos ficou estável por 22 dias e teve 8 dias de queda.
O dia 8 de setembro marcou a maior queda na média de óbitos em 5 meses: 26%. E 13 de setembro, na de novos casos: 32%.
As reduções de novos casos e mortes no estado mais populoso do país, São Paulo, e quedas acentuadas em Minas Gerais e Bahia, ajudaram a puxar as médias para baixo.
“Existe um atraso na notificação dos dados e também uma subnotificação. Então, nos dados que a gente está vendo hoje, eles refletem na verdade uma realidade de até um mês atrás. Então a gente tem que olhar isso com muita cautela, mas com otimismo”, avalia Natália Pasternak, microbiologista da USP.
“Com esses meses todos de pandemia, aprendemos coisas que utilizamos no cuidado as pessoas que têm a Covid-19, que podem melhorar os sintomas e podem diminuir as chances dessa pessoa desenvolver doença grave. Então, a assistência médica precoce é muito importante. E o segundo ponto que é muito importante é a gente se preocupar em não transmitir o vírus para outras pessoas, especialmente aquelas pessoas que têm uma chance maior de desenvolver doença mais grave”, afirma Esper Kallás, infectologista do Hospital das Clínicas/SP.
Os especialistas não têm dúvida de que o distanciamento social, os cuidados de higiene e o aprendizado das equipes de saúde, cada vez mais experientes em tratar os doentes e salvar vidas, foram contribuições importantes para essa notícia e serão fundamentais para que a queda continue.
Conquistas que podem ser perdidas se autoridades e a população baixarem a guarda.
“A Covid-19 é uma doença da sociedade e não do indivíduo. Então a solução também precisa ser colaborativa. Com mais engajamento nas medidas preventivas, a gente consegue fazer essa curva cair mais rapidamente”, avalia Natália Pasternak.
E, principalmente agora, quando a vida nas cidades começa a ganhar mais movimento.
JN
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