A interiorização das Universidades no nordeste brasileiro atinge um novo patamar a partir de 2019: com a implantação dos primeiros doutorados no Vale do São Francisco passa a existir uma nova gama de possibilidades tanto para a formação de pessoas quanto para o aprimoramento das pesquisas em desenvolvimento.
Recentemente foram aprovados pelo Conselho Técnico e Científico (CTC) da Capes os doutorados em Ciência dos Materiais, Ciências Veterinárias do Semiárido e Ciência Animal da Univasf e Ecologia Humana na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) – campus Juazeiro.
Estes são sinais claros de que a migração do sertanejo para os grandes centros pode ser revertida e que o ciclo de formação (da graduação ao doutorado) vem a permitir com que o fenômeno observado no interior de São Paulo (São Carlos com a USP e a UFSCar) possa ser repetido no Vale do São Francisco.
O desenvolvimento de Petrolina e Juazeiro como cidades que crescem em torno de suas Universidades, com todas as vantagens associadas à produção de conhecimento (empresas de cunho tecnológico e social, startups etc) parece ser uma realidade em processo de consolidação.
Entre esta tendência e a consolidação de uma realidade está a necessidade iminente de apoio do Estado. Se é o modelo norte-americano de pesquisa o que desejamos, mais de 60% do orçamento de C&T deles é financiado com dinheiro público, por mais que o liberalismo econômico, privatizações e demais ações sejam ventos que soprem de lá para cá.
E esta tendência é a mesma que permitiu com que a China pudesse superar os EUA em produção acadêmica. Eles entenderam que só poderiam ser uma superpotência se investissem em C&T. Vale neste ponto ressaltar que o investimento em pesquisa não tem reflexo tão imediato. São necessários alguns anos (décadas) para que se colham os frutos. Estes doutorados do Vale do São Francisco são frutos de ações do passado.
No entanto, o momento que vivemos é o de um congelamento fruto de uma PEC que restringiu gastos por 20 anos. E isso torna o horizonte nada animador.
E o fato concreto é de que isto vai na contramão do que fazem as republicas comunistas, socialistas, liberais, ultraliberais, mais ou menos confusas e todas as demais que anseiam por desenvolvimento.
Estamos deixando de alimentar sonhos para recebermos nossos colonizadores pela segunda vez – a primeira foi chamada de descoberta – e escolhida para acontecer em 1500.
Todavia, o que nos resta para o momento é fazer os doutorados funcionarem e alimentarmos esta estrutura com estudantes e boas teses. Não há espaço para questionamentos nem incertezas. Foram longos e duros anos para conquista destes programas. E quanto ao futuro, já dizia a música:
Como será o amanhã? Responda quem puder O que irá me acontecer O meu destino será como Deus quiser.
Revista Cientifíca
1 comentário
30 de Nov / 2018 às 08h26
Ótimo texto! Gostaria de saber a autoria. Acompanho de perto algumas destas conquistas. Aproveito o espaço para parabenizar os envolvidos nas respectivas universidades!