Em abril de 2019, o horário de verão, que estava em vigor desde 1985, foi revogado. A medida foi tomada pelo então presidente na época, Jair Bolsonaro, que decidiu revogar o horário de verão alegando pouca efetividade na economia energética. Após cinco anos sem o projeto, o Brasil enfrenta a pior crise hídrica em 94 anos, o que trouxe à tona o debate sobre a volta, ou não, do horário de verão. Sobre esse assunto, o professor Pedro Luiz Côrtes, titular da Escola de Comunicações e Artes e do Instituto de Energia e Ambiente da USP, discorre sobre a situação energética atual do Brasil.
“Nós temos uma situação hídrica muito ruim, muito pior do que da crise anterior, que foi recente, 2020, 2021. O cenário não é positivo para este segundo semestre e, na verdade, o que o governo está procurando fazer é tomar medidas já preventivas, no sentido de salvaguardar o nível dos reservatórios, de tal forma que a gente possa usar essa reserva que a gente tem de maneira parcimoniosa, evitando um consumo exagerado da geração hidrelétrica e, com isso, partir para um uso muito intensivo das termelétricas”, afirma.
O professor também explica como funciona o horário de verão. “Nós temos dois picos básicos de consumo. Nós temos um pico no meio da tarde, que é principalmente durante os períodos de calor, e isso faz com que as pessoas usem mais intensamente ventiladores, ar-condicionado, coloquem geladeira no máximo. Então, isso aumenta muito o consumo no meio da tarde. Mas também nós temos uma superposição de consumo no final da tarde, início da noite, entre 5, 6 horas da tarde, até umas 8 horas da noite, onde acontece o seguinte, muitas empresas, muitos escritórios continuam trabalhando, mas também muitas pessoas já estão retornando para suas casas e, ao chegar em casa, ligam a luz, vão tomar banho, ligam a TV, e, com isso, aumenta esse consumo doméstico que se soma ao consumo dos escritórios, do setor de serviços e tal”, exemplifica...