Ucranianas são presas por tráfico de ovos de araras-azuis-de-lear, ave em extinção exclusiva do Brasil

Duas mulheres ucranianas, de 45 e 47 anos, foram presas em Minas Gerais suspeitas de traficarem ovos de araras-azuis-de-lear, que seriam levados para a Europa.

A arara-azul-de-lear é uma ave ameaçada de extinção exclusiva do Brasil. A população atual tem cerca de 1.500 indivíduos em todo o país, sendo encontrada apenas na região do Raso da Catarina e no Boqueirão da Onça, na Bahia.

A prisão foi realizada pela Polícia Rodoviária Federal em Governador Valadares, nesta sexta-feira (2). As suspeitas estavam em um carro alugado que foi abordado ao passar pelo posto da PRF.

“A princípio era uma abordagem padrão, mas o nervosismo um pouco demasiado dela [uma das mulheres] levantou a suspeita. Na hora que me aproximei da porta traseira esquerda, ela demonstrou ainda mais nervosismo", relata o policial rodoviário Edson Alexandre da Silva.

"Na hora que abri [a porta], vi uma bolsa e, dentro dessa bolsa, encontrei os ovos em uma estufa, ligada na saída para isqueiro do carro, que estava conservando os ovos”, lembra.

As mulheres haviam saído do estado da Bahia e iriam para o aeroporto de Guarulhos (SP), onde embarcariam em um voo para a Europa, segundo a Polícia Federal (PF).

“Os ovos da espécie, reconhecidamente ameaçada de extinção, eram apanhados no interior da Bahia, em área de unidade de conservação federal, com ajuda de moradores locais", informou a corporação.

As duas estrangeiras foram levadas para a sede da PF em Governador Valadares e serão investigadas por tráfico ilegal de animais e contrabando.

Uma delas, de 45 anos, já tinha passagem pelo mesmo crime. “Ela tem várias entradas e saídas aqui no Brasil. Parece que já é uma traficante contumaz de animais da fauna silvestre”, informou o policial rodoviário federal.

Sobre a espécie-As araras-azuis-de-lear formam casais que se reproduzem uma vez por ano, gerando até três ovos, mas, na maioria das vezes, apenas dois filhotes sobrevivem.

Os ninhos ficam normalmente em cavidades naturais em paredões de arenito-calcário, que muitas vezes são invadidas por abelhas exóticas.

O principal predador natural é a águia-chilena, mas existem ainda outras ameaças que colocam em risco a sobrevivência da arara-azul-de-lear, como o tráfico de animais, as lesões ou mortes causadas por linhas de distribuição de energia e a destruição do seu habitat natural, a Caatinga.

O Eco Jornalismo Ambiental Foto PRF