ESPAÇO DO LEITOR: REVIVENDO O PASSADO.

Alsus Sangalo

A vida nos preparara várias surpresas, que muitas vezes ao recordarmos o passado, nos surpreendemos com tantos acontecimentos vívidos e que depois de muitos anos temos sim de voltar aos velhos tempos.

Por volta dos anos 80 eu com minha modesta família, filho de um artesão (ourives) renomado em Juazeiro o Sr. Thadeu Fernandes de Souza (ourives) como era conhecido, em seu pequeno recanto criado em sua própria casa na Rua Quintino Bocaiúva nº 75 moldava e lapidava joias para a maioria da elite Juazeirense. Sim, era bastante solicitado, pelo seu compromisso e honestidade ao receber as joias dos clientes e prestar conta na hora final da entrega do compromisso assumido. Naquele tempo ficava admirado ao ver um Senhor de boa aparência, frequentar a nossa casa a procura de meu pai para fazer jóias este senhor era conhecido como “Sangalo (Joias)”, também ourives, desenhava joias em um papel vegetal e trazia para meu pai confecciona-las. Aquilo me chamava à atenção pelo porte do homem com os olhos meu azulados e bastante conversador, corria eu para a oficina do meu pai, em seu recanto, para ouvir a conversa. Em um certo dia, ouvir aquele homem dizer: Seu Thadeu, desenhei uma pulseirinha para minha filha e aqui está o ouro de 18 quilates para tal confecção. Aquele ouro era pesado por meu pai na presença do cliente e em seguida combinavam o preço e o dia da entrega da obra, que deveria sim ser uma joia confeccionada e entregue com o mesmo peso do ouro recebido, que era conferido também no ato da entrega. Depois da conversa e tudo acertado, meu pai pediu para que ele informasse a grossura do braço da criança, não vi o dia, mas sei que no final de tudo vi o papel vegetal escrito no desenho da pulseira apenas o nome (Ivete Maria).

Nos anos de 1984 mais ou menos meu pai sabendo das notícias com os colegas em reuniões no Clube dos Caçadores, onde ele foi um dos sócios fundadores, hoje Sociedade Beneficente e Recreativa Juazeirense, que no início, as reuniões eram em nossa casa à Rua Quintino Bocaiúva nº 75, ainda existente e reformada. Naquela época tinha as alvoradas pela Banda da Policia Militar, que todos os anos, em 15 de novembro pela madrugada, erámos acordados pela alvorada. Pois bem lá, nas reuniões já na nova sede na Av. Adolfo Viana meu pai ouviu os comentários que uma filha de Sangalo, era cantora em Salvador e que se chamava Ivete, meu pai todo satisfeito disse aos colegas foi eu quem fiz uma pulseira para ela a pedido de seu pai. Que satisfação eu vi em meu pai nos comentar tal história. Também em sua profissão, confeccionou uma coroa de ouro para a estátua de Nossa Senhora das Grotas (Padroeira de Juazeiro) que se encontra em sua cabeça lá na Catedral. Também no Museu Regional, tem uma réplica de uma árvore nativa denominada Juazeiro onde minhas mãos ali trabalharam junto com meu pai, lixando conforme sua orientação as pequenas folhas e os troncos da árvore que foi confeccionada de metal amarelo e suas folhas e frutos (o juá) eram banhados de acordo com a cor (frutos amarelos e folhas verdes). Quanta satisfação e orgulho tenho do meu pai. No programa do Caldeirão do Ruck, fiz questão de assistir a homenagem que fizeram para Ivete. Gostaria também que uma homenagem como esta, fosse feita também para o maior lateral do mundo “Daniel Alves” que vi ainda garoto jogando bola lá no Umbuzeiro ao lado da roça do meu pai. Quem tiver dúvidas do que estou narrando pergunte ao seu pai, o Sr. Domingos que me conhece bastante.

Taurino Fernandes de Souza