ARTIGO – O “DNA” DA PILANTRAGEM

Da maneira como as coisas estão evoluindo no país no campo das avaliações negativas dos políticos e gestores públicos, em decorrência do vasto universo de atitudes e desvios éticos que somente emporcalham as imagens e a credibilidade de todos eles, o eleitor e a sociedade em geral vivem extasiados diante da elevada responsabilidade que recai sobre os seus ombros de encontrarem as soluções alternativas para a recuperação desta Nação.

Tenho repetido, incansavelmente, que os partidos e seus representantes, bem como a prática da boa política são fatores inerentes e fundamentais no funcionamento do Sistema Democrático, em qualquer parte do mundo. Aqui no Brasil, criminosamente, vem sendo confundido o direito à justiça e à liberdade, e o exercício dos princípios democráticos, com a permissividade para usar o poder como um feudo particular e familiar. Albert Camus, escritor e filósofo francês, assim se expressou a respeito: “Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo”.

Esse tema se tornou recorrente ou vem se constituindo em lugar comum de todas as tentativas de novas reflexões, mas o impasse em que nos deparamos nos impõe bater sempre na mesma tecla a fim de que, mesmo não atingindo os cabeças responsáveis pela condução de todo o sistema, pelo menos ofereçamos ao nosso leitor semanal uma perspectiva de análise desse cenário sombrio e a firme consciência de que nos cabe um papel importante nesse processo de urgente transformação. 

Seria confortável se fosse possível fazer um razoável detalhamento imparcial sobre o perfil dos nomes presidenciáveis que ora se apresentam - e que foram destaque da última crônica -, se sobre a maioria deles não estivesse a respingar a lama movediça da corrupção avassaladora que vem submergindo as instituições nacionais. Escapam poucos!

O grande cronista J. R. Guzzo, da Revista Veja (Edição de 08/11/17), expressou, de forma contundente e inquestionável, uma odiosa verdade com referência aos motivos da fuga de nomes que seriam potencialmente habilitados a ingressarem nas lides políticas: “Já está muito difícil, na situação atual, encontrar gente boa disposta a entrar na vida pública; portadores de uma taxa moderada de integridade pessoal afastam-se de tudo o que cheira a “governo” como quem se afasta de uma zona infestada por radiação nuclear”. Diante dessa penosa realidade, os atores de sempre vão e voltam, revezam-se no poder a cada pleito, e a nossa história vai sendo reescrita com os mesmos personagens para os quais é indiferente tanto adentrar ao Palácio do Governo como ingressar nas celas das prisões federais, cujas mãos são manchadas por uma tinta vergonhosa que nem cor possui! Alguém disse que: “A pilantragem não tem partido. Ela está no DNA de todos os nossos políticos”! Escapam apenas alguns...

A incoerência dos atos que assumem no dia a dia, valida todas essas definições que enriquecem a mídia, ainda que julguem eventualmente injustas. Senão, vejamos: O Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia-TCM, seguindo jurisprudência anterior do STF, reconheceu a legalidade de pagamento do 13º. Salário para Prefeitos e Vereadores. Enquanto isso acontecia, 400 prefeitos baianos foram a Brasília de cuia na mão em razão das dificuldades financeiras que atravessam... Ora, se não conseguem realizar mais pela educação, saúde, limpeza pública, segurança e ações sociais nos seus municípios por falta de recursos, de onde vão tirar essa elevada soma para cobrir esses gastos?! Será que pensaram nos limites de gastos da Lei de Responsabilidade Fiscal ou continuarão amparados na confiança dos conhecimentos jurídicos de seus advogados para defende-los?

É indubitável que os nossos políticos, além do foro privilegiado, são detentores de um DNA de genética muito especial, talvez ainda não pesquisado pela ciência. Mas, esse DNA DA PILANTRAGEM, predominante no desempenho da grande maioria, não passa despercebido da inteligência popular, que já o descobriu. Aguardem, e em breve verão, com certeza, que esses fora da lei, cujo DNA é a razão do seu viver, não prevalecerão!   

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).