Aliados costuram “acórdão” para definir era pós-Temer

O presidente Michel Temer (PMDB) está cada vez mais acuado pela base aliada diante da pressão popular e da imprensa após a delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS. Governistas avaliam que a situação está ficando insustentável. Com a proximidade das eleições de 2018, muitos parlamentares temem a perda de capital político por continuarem apoiando a gestão durante a crise.Nos bastidores, aliados já costuram um “acordão” para definir como ficaria o Brasil após a mudança no Planalto (sem trazer ainda mais ônus para Temer). Segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo, a avaliação está no sentido de contar com a cassação da chapa eleita em 2014 pelo Tribunal Superior Eleitoral. O consenso é que a decisão resolveria o impasse institucional e livraria o presidente da “confissão de culpa”. Apesar das conversas estarem bastante avançadas, diante do microfone, aliados continuam tentando passar a imagem de que o governo tem uma base coesa. O deputado federal José Carlos Aleluia (DEM-BA) afirma que os governistas continuam trabalhando para dar amplo apoio a Temer: “Não, não. Não estamos planejando [o desembarque], estamos apoiando o governo. Nós estamos trabalhando para isso”, assegura à Tribuna. O parlamentar ameniza as ações da base aliada, que tenta travar qualquer tipo de votação de interesse do Governo. “Isso é normal no Parlamento, está um pouco exagerado, mas é do Parlamento”, acredita. Ele considera que o clima entre os deputados está “estável”. “Nós temos o Congresso, que tem que continuar votando o que interessa ao país. Os problemas do Executivo têm que ser resolvidos com o Judiciário. Nós temos a independência entre os poderes. Cada poder trata do seu papel”. Questionado, Aleluia comentou ainda as manifestações do senador goiano Ronaldo Caiado (DEM) que defende a renúncia imediata do presidente: “O senador já estava contra o presidente Temer. Há muito tempo ele vem fazendo oposição ao governo. É uma posição isolada dele”.

O nome do sucessor de Temer e a forma como ele será eleito também é pauta entre os parlamentares. Por enquanto, os partidos trabalham com o cenário constitucional, que prevê eleição indireta 30 dias depois da saída de Temer. “Existe muita especulação e indefinição, mas o mais importante nesse momento é manter a estabilidade do país e o perfeito funcionamento das instituições”, afirma o deputado Paulo Azi (DEM-BA) à Tribuna.