ARTIGO: PILÃO ARCADO - BOSQUES

Se eu escolhesse o título, " SOFRIMENTO NA HEMODIÁLISE", seja sincero, quantos se interessariam em ler este artigo atraídos pela incomum e inabitual palavra hemodiálise? Mas o título assim vai, sem tintas de nenhum exagero conforme o relato dos fatos a seguir comprovará, leia e veja:

Dez filhos de Pilão Arcado, três vezes por semana  acordam as 2h da madrugada, dirigem-se até o hospital e as 3h embarcam numa van com destino a Juazeiro para sessões de hemodiálise.

Para que melhor se explique, hemodiálise é o procedimento médico realizado com o auxílio de equipamento devidamente preparado para realizar as funções que os rins já não tem capacidade, que é a  filtragem do sangue.

Três vezes por semana elas viajam, percorrendo o total de 550 km por viagem (distância de Pilão a Juazeiro); 1.650 km por semana; 6.600 km por mês ou 85.800 km ao ano! 85.800 km ao ano, amigos, o equivalente a 40 viagens de Pilão Arcado a São Paulo (estimada em 2.141 km cada) o que significa dizer que os pobre infelizes estão rodando quase o equivalente a uma viagem Pilão/São Paulo ao dia! (na verdade 0,76%)!!

Traduzindo em tempo, esses 85.800 km rodados ao ano, na média de velocidade de 90km/h, significa dizer que os pobres coitados gastam 953 horas em viagens indo e retornando de Juazeiro, ou quase 40 dias inteiros dentro da van!

Se na conta do tempo perdido formos computar o período que compreende o horário de saída, 3h, até a chegada, 19 h, chegamos ao número absurdo de 2.496 horas por ano, ou 104 dias por ano, portanto, 3 meses e dez dias!

Dentro da van 40 dias e o tempo total perdido por ano nesse processo, 104 dias! Infelizmente, porém, não é tudo, há mais sofrimento: Quando chegam em Juazeiro, as sessões começam para alguns as 7h perdurando até as 11h, para outros iniciam as 11h e prosseguem até as 15h.

Terminada a sessão após  4 longas horas, o combalido paciente sai em frangalhos, fraco, cambaleante como bêbado (há quem desmaie e há quem precise de cadeira de rodas pra sair) então recebe sua marmita, fria, que será digerida, acredite, debaixo de um pé de árvore na rua em frente á clinica, QUE NÃO TEM ABSOLUTAMENTE CULPA NENHUMA POR ESSA SITUAÇÃO.

Isso mesmo, fria, de pé, debaixo de um árvore na rua, porque em Juazeiro não há casa de apoio para as pessoas de Pilão Arcado que estejam em tratamento médico, como certamente deveria existir. Depois que a última turma sai, então é hora de o motorista da vice-prefeita Ednália Santana, proprietária de fato  da van, ar condicionado desligado retornar a Pilão Arcado.

Sem ar condicionado.Imagine, calor de 35 graus fora, dentro da van uns 43 graus, isso para pessoas que estão nas condições físicas que você pode imaginar. Agora, por que a van da vice-prefeita não liga  o ar condicionado? Não dispõe? Não liga pra não gastar mais óleo diesel? Insensibilidade? Não sei, mas o fato é que não ligam o ar.

Os bancos? Duros como tábua, noventa graus, eretos! Na viagem de volta, as 7  e até  8 horas da noite,  vencidos mais 270 km e três horas  a van começa a entrar nas ruas de Pilão Arcado completando seu ciclo, 16, 17 horas depois que as pessoas saíram de casa.

Assim, uma pergunta se impõe:  por quanto tempo, já fragilizados e alquebrados pela enfermidade,  agüentarão  esse verdadeiro drama e massacre? Com urgência Pilão Arcado precisa olhar para esses coitados  e implantar uma clínica ainda que pequena , que até uma máquina seria  suficiente,  para poupar esses coitados filhos de Deus desse massacre!

Ou Pilão Arcado poderia fazer como Campo Alegre, que não utiliza esse sistema de levar e trazer as pessoas, mas as ajuda pagando  o aluguel delas em Juazeiro. Alguma coisa precisa ser feita para retirar esses pobres infelizes desse massacre quase cotidiano. Quanto a van da vice prefeita Ednália, desde o início do governo participativo há 7 anos, uma palavra apenas:  é hora de dar um basta no poder desse grupo que se autodenomina "governo participativo da casa de Porfírio" que massacra o povo sem piedade há quase 30 anos.

Pilão não aguenta mais os seus lobos sanguinários que festejam no poder enchendo as burras de dinheir às custas do sofrimento do povo indefeso e estão a  construir patrimônio de baronato: postos de gasolina, depósito de construção, aquisição de carros de  luxo, casas, chácaras, enquanto povo padece agruras. Não aguenta mais a indiferença dos que se autodenominam "representantes do povo" sem de fato sê-lo.

Não agüenta mais o cinismo dos que se autodenominam "oposição" quando na verdade não passam de fracos concorrentes cínicos; não aguenta mais a injustiça que campeia, o sofrimento que oprime, a impunidade e a injustiça que enfraquecem a esperança,  espalhadas por delegacia, fórum, prefeitura, câmara e todos os lugares onde apenas os membros do "governo participativo" tem vez e voz.

Hoje o sofrimento é dos dez, mas entre eles poderia estar nosso  pai, mãe, ou eu  e talvez você.

Não se engane: a injustiça que, hoje,  primeiro bate na porta alheia,  amanha poderá visitar a nossa. Que Deus nos ajude nos ajude sempre, nós, que somos de Deus, devemos ajudar os nossos irmãos que hoje sofrem.

Por Perez Luiz Mangueira