Artigo - Índios: Lhe deram um dia, lhe tomaram as terras

Os indicativos históricos e antropológicos apontam que os primeiros índios chegaram ao Brasil entre 20 a 50 mil anos atrás, vindos do continente asiático e se instalaram inicialmente nos estados da Bahia e do Piauí.  

Logo se espalharam por todas as regiões, habitando as margens dos rios,  do mar e também  adentraram as matas, plantando, caçando e pescando, sem promover danos e desgastes á natureza, pois, o cuidado com o ambiente para eles se constituía em principio, meio e fim.

Por aqui chegaram os portugueses e, sem sucesso,  quiseram lhes aculturar. Os trataram como seres inferiores, como se bicho fossem. Quiseram a eles impor uma cultura: idioma, religião, saberes alheios, enfim, aliená-los, não conseguiram. Os chamaram de preguiçosos: índio não é preguiçoso, apenas trabalha com o principio do menor esforço e não mentaliza a idéia do acumulo, pois, apenas nutre as suas necessidades, sem,  contudo, desequilibrar o meio ambiente, já que, como diz a canção de Jorge Benjor tão bem interpretada por Baby Consuelo (do Brasil) ao referir-se aos povos indígenas "... eles são  incapazes com certeza de maltratar uma fêmea ou de poluir o rio e mar, preservando o equilíbrio ecológico da terra, fauna e flora...".

Em 1943, ainda na vigência do Estado Novo, no período Vargas,  foi instituído o dia do índio com a data de 19 de abril. Mas, pouco adiantava a tal deferência, visto que, os povos indígenas quase foram dizimados no Brasil. Lhes deram um dia e lhes tomaram as terras.

Em 2023, os índios não são mais proprietários felizes das  terras brasilis como eram antes de 1500, eles estão sendo assassinados em sua simbologia cultural: suas danças, curas e crenças, em seu trabalho, chegando a sofrerem eliminação física praticada por garimpeiros irregulares e invasores de terra que matam homens e mulheres,  entre estes os curumins.

Que cada pedacinho de índio que habita nosso corpo, seja uma razão étnica para um sentimento de pertença, pois, sem o índio seremos mais os outros e menos brasileiros. Salvemos o índio todos os dias.

Tony Martins - Pedagogo e radialista