Se a eleição fosse hoje, você votaria em ACM Neto (DEM) para governador? Se para muitos ainda é difícil essa decisão, para o prefeito de Euclides da Cunha, Luciano Pinheiro (PDT), a resposta para essa questão já permite um agradável e sonoro “sim”, embora suas declarações ainda sejam dadas de forma indireta ou por metáforas, modus operandi de todos os políticos.
Depois da recepção de ontem, quem tinha alguma dúvida do eventual apoio do prefeito de Euclides da Cunha a ACM Neto em uma possível candidatura a governo do estado em 2018 não tem mais. Isso porque o pedetista convidou e recebeu na cidade com, digamos assim, um sorriso especial e todas as honras da casa, o democrata prefeito de Salvador.
Embora possa parecer estranho para alguns, essa aproximação em clima de festa com o hoje maior adversário de Rui Costa é mais natural do que se pensa. Luciano nunca se sentiu confortável ao lado do governador, relação que se fragilizou ainda mais depois da última eleição municipal (Rui Costa fez campanha contra Luciano ao apoiar o candidato da ex-prefeita, para quem não lembra) e apoiou o prefeito de Bom Jesus da Lapa, Eures Ribeiro (PSD), adversário de Luciano na disputa pela UPB.
Depois que se elegeu prefeito de Euclides da Cunha, Luciano tem se esforçado para manter uma relação diplomática com o governador baiano, mas em um visível desconforto político e pessoal. Em março, o prefeito hesitou em subir ao palanque do governador durante evento na cidade de Cícero Dantas. Mais recentemente, em Quijingue, Luciano preferiu ficar no meio da multidão, distante, até que um assessor especial do governador foi até lá e pediu para que ele o acompanhasse. Meio sem jeito e sem escolha, ele foi.
Nesta segunda-feira (26), último dia de festa do São João de Euclides da Cunha, Luciano parecia estar à vontade ao lado, e por que não dizer, nos braços de ACM Neto. Em entrevista, ele criticou a gestão de Rui Costa e chamou de retaliação o fato da cidade não ter sido contemplada com apoio do Governo do Estado para a realização do São João. “A gente tem analisado com os partidos de oposição as alianças políticas que devem ser feitas, e a partir do momento que ele lançar a candidatura, se vier a confirmar essa candidatura, Euclides da Cunha, não só Luciano, mas como toda a Euclides da Cunha, vai estar disposto a apoiar um projeto de pessoas que olhem para Euclides da Cunha com carinho, que não receba retaliações de corte de verbas da Bahiatursa, que não corte programas essenciais como o Topa. A gente vai apoiar quem tem compromisso com a Bahia e com Euclides da Cunha, seja quem for”, lançou. Enquanto o cenário 2018 vai se desenhando lentamente, ACM Neto vai construindo e fortalecendo relações com prefeitos no interior do estado.
Usando a sabedoria política que aprendeu na cozinha de casa, ele vai aproveitando o prestígio que conseguiu em toda a Bahia para além do mérito de quem consegue sair vitorioso de uma disputa eleitoral na quarta maior capital do Brasil, e, com isso, conquistando a simpatia e adesão de muitos gestores, sobretudo daqueles que a relação com Rui Costa não é lá essas coisas.
Em Euclides da Cunha, Neto foi alçado ao palanque (leia-se palco) de forma tática pelo prefeito Luciano, um sinal claro, indubitável de apoio ao democrata na disputa pelo Palácio do Governo no próximo ano. O que, de fato, acontecerá lá, só o tempo vai confirmar, mas uma coisa é certa, o coração do prefeito de Euclides da Cunha já tem um novo dono. Politicamente falando, é claro!
Fonte: Resenha Local
1 comentário
28 de Jun / 2017 às 12h38
Não existe partido ideológico no Brasil, as siglas são apenas para acomodar candidatos para as legendas, na base das negociatas e dos conchavos. Ninguém espere por uma Reforma Política, que acabe coligação na eleição proporcional, o sistema vai continuar o mesmo, partido que não tem voto para completar a legenda, elege candidato puxado por outros partidos. O PMDB e o DEM na Bahia, tem proprietários, é assim também as outras siglas, na Bahia e no Brasil, podemos generalizar sem risco de estar cometendo erro, onde os caciques imperam a ditadura nos municípios baianos e brasileiros.