Após 30 anos de unificação entre BA e PE, o seminário foi exclusivamente com os sindicatos e trabalhadores da Bahia e contou com a presença de diretores e delegados sindicais de diversos municípios baianos, além do Deputado Estadual, Zó e representantes da Oxfam – Brasil
Com o objetivo de preparar a campanha salarial 2024 e trazer para discussão problemas do dia a dia dos trabalhadores rurais, aconteceu em Juazeiro, nos dias 24 e 25 de outubro, o Seminário de Elaboração da Pauta de Reivindicação promovido pelos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais de Juazeiro, Casa Nova, Sento Sé, Sobradinho, Curaçá e Abaré.
Foram dois dias de muita troca e contribuição, onde representantes e trabalhadores dos municípios baianos participantes, formaram as propostas da pauta de reivindicação que serão debatidas no período de negociação com a classe patronal da Hortifruticultura da região.
A Oxfam Brasil, organização sem fins lucrativos e independente, que visa a construção de um país mais justo, menos desigual e que também atua na Justiça Rural e Desenvolvimento, participou do evento com um dos seus representantes, Gustavo Ferroni. Ferroni pontuou a importância de um aumento da participação dos sindicatos e do trabalhador rural dentro da cadeia produtiva das diversas culturas. "A discussão que a gente tem feito com os sindicatos é como que a gente pode usar, tentar inverter o uso de certos mecanismos de mercado, como as certificações, que servem muito para os empregadores? Como que a gente pode tentar usar esses mecanismos em favor dos trabalhadores? É preciso oportunidades, aproveitar janelas que existem para o sindicato entrar, se apropriar desse tema, ocupar espaços. E por meio dessa discussão, romper o isolamento também do sindicato rural, não ficar lidando só com o empregador direto, mas também ter uma relação com os compradores e, com isso, tentar equilibrar um pouco mais as forças entre o sindicato e os empregadores", ressaltou Ferroni.
O presidente da STTAR – Juazeiro, José Manoel dos Santos, conta como foi importante fazer o desenvolvimento das propostas apenas com os sindicatos e trabalhadores e trabalhadoras assalariados rurais baianos, já que nos últimos 30 anos foi realizada em união com o estado de Pernambuco e como no decorrer desse período muita coisa mudou. "As relações de trabalho mudaram muito desde a década de 90. A expansão da área de produção de frutas e a diversificação das variedades das frutas, bem como das características dos produtores e produtoras das empresas pequenas, grandes e médias aqui na região. Isso fez com que o movimento sindical, de forma madura, fizesse essa separação pela dimensão que tomou a região do Vale do São Francisco em números quantitativos e qualitativos também da atividade da horticultura. Então, nós entendemos que só os estados, Pernambuco e Bahia, fazendo cada um a sua construção de pauta de reivindicações e, consequentemente, as suas negociações junto à bancada patronal terão uma possibilidade melhor de um e o outro compreender o que cada lado estará querendo e debater com mais maturidade o que os trabalhadores enfrentam nas atividades da hortifruticultura no Vale do São Francisco", diz José Manoel.
Maria Samara Souza, Secretária de Administração e Finanças da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais (FETAR), pontuou o sucesso de público no Seminário e como a contribuição de cada participante foi importante para a elaboração das pautas. "A participação da plenária é de suma importância, porque é soberana na decisão final. Um passo importante em busca de uma campanha salarial exitosa em prol dos Trabalhadores e Trabalhadoras Assalariados Rurais da Bahia", disse Samara.
As principais propostas estabelecidas neste seminário são:
Piso salarial da categoria de R$1.520,00;
Salário base para tratoristas e irrigantes de R$2.280,00;
Reajuste de 8%, para os demais trabalhadores e trabalhadoras que recebem acima do piso da categoria;
Cesta básica;
Feriado do Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Assalariados Rurais da Hortifruticultura;
Criação do Salário digno da categoria;
Cotas de 50% para contratações de mulheres operadoras de máquinas agrícolas.
A construção da pauta, traz expectativas para os trabalhadores e trabalhadoras assalariados rurais e esperança que mudanças significativas e necessárias aconteçam. Rita de Cássia dos Santos, é Presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Agrícolas - SINTAGRO, e deseja que seja levada em consideração a pauta nessa futura negociação com o patronal. "A gente constrói uma pauta boa, enxuta e o patrão não leva em consideração. Minha expectativa é que dê tudo certo. Que volte ao pagamento no segundo dia útil, que a mulher ganhe espaço para trabalhar e que venha a ter alguma gratificação para o trabalhador. Isso contemplaria demais a classe trabalhadora".
Para o Deputado Estadual – BA, Zó, é de suma importância que esses debates aconteçam para que as conquistas neste setor se tornem e mudem realidades. "Todos os ganhos, todas as conquistas que tem nesse setor dos trabalhadores e trabalhadoras assalariados rurais, eles passaram por esse debate, pela organização dos sindicatos e das federações. E que essas conquistas nós não abriremos mão. Esse é um dos setores da região que emprega e fatura muito, então é importante que esse recurso também seja dividido, uma pequena parte dele, pelo menos, com aqueles que produzem", finaliza o Deputado Zó.
Assessoria
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