ARTIGO – “FAMÍLIA, É PRATO QUE EMOCIONA...”

Foram-se as festas de final de ano, deixando um rastro de nostalgia e ainda um pouco do calor dos abraços cheios de afetos, alegrias e emoções. Uns verdadeiros, outros nem tanto... Mas o Natal tem a bela particularidade de ser uma festa que consegue juntar a família, enquanto o Ano Novo traz o entusiasmo dos votos de sucesso, saúde e prosperidade, o que enche a vida das pessoas de novas esperanças,

Neste Natal, quando participava eu de um agradável encontro entre famílias amigas, os convidados agrupados em volta da mesa preparada para a ceia, de repente foram todos surpreendidos com as sábias palavras da dona da casa, que pediu permissão para uma mensagem natalina cujo foco era a família. As suas palavras traziam energia e emoção aos presentes, embora sendo uma pedagoga de reconhecidos dotes, mas exatamente pela sensibilidade como tratou esse importante tema: A FAMÍLIA. Permita-me o leitor, com a devida vênia da autora, reproduzir algumas partes da sua mensagem:

“Para fazer comida é preciso concentração. É na cozinha que eu me desembesto, solto os bichos, viajo sem passaporte. Porque família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e Ano Novo.

Fazer uma família exige coragem e paciência. Não importa a qualidade da panela; às vezes dá vontade de desistir. Acho que prefiro o desconforto do estômago vazio. Vem a preguiça, falta de animação sobre o que sei comer. Mas, a vida é como uma azeitona no palito; sempre nos arruma um jeito de nos entusiasmar.

O tempo põe a mesa, determina o número de lugares e cadeiras, súbito a família está servida. Fulana saiu a mais inteligente de todas; Beltrano é o mais brincalhão e comunicativo; Sicrano, quem diria, endureceu, murchou antes do tempo. Este, o mais gordo e mais generoso, farto, abundante. Ela a mais atenciosa, a outra a mais presente. E você que saiu deste álbum de retratos para fazer companhia?  É o mais prático, objetivo, sentimental, prestativo? Seja quem for, reúna estas tantas afinidades ou antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Estão todos aqui? Ótimo. Ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e logo estará cheirando a cebola. Cebola faz chorar! Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. A gente chora de alegria, de raiva ou de tristeza. Cuidado com os temperos exóticos, às vezes eles alteram o sabor do parentesco. Misture com delicadeza estas especiarias e atenção aos pesos e medidas, pois uma pitada a mais pode ser um desastre. Família é um prato extremamente sensível. É preciso ter boa mão, ser profissional, principalmente na hora de meter a colher. Saber meter a colher é uma verdadeira arte, você pode desandar a receita toda. O pior é que tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Ilusão. Será que existe “Família à Osvaldo Aranha”, “Família à Rossini”, “Família à Parmegiana”, “Família ao Molho Pardo”?

Família é a afinidade, é a “Moda da Casa”. E cada casa prepara a família do seu jeito. Há famílias doces, outras amargas, outras apimentadas. Há as que não tem gosto de nada, tipo “Família Diet”. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é difícil de se engolir.

Enfim, receita de família não se copia, se inventa. Na cabeça desta velha aqui, e cozinheira eterna, o que posso lhes dizer é que por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Largue as etiquetas, passe o pão no molho que restou na louça. Aproveite ao máximo!!!

FAMÍLIA É UM PRATO QUE, QUANDO SE ACABA, NUNCA MAIS SE REPETE! EU AMO A MINHA FAMÍLIA! ”. (Autora: MARIA HELENA RAMOS COSTA).

Diria que é uma peça literária construída com criatividade, lirismo e imaginação, sem que a autora tenha tido preocupação com esse detalhe, uma vez que era apenas uma festa íntima de família. Na analogia feita com a culinária usou de rara maestria, misturando na sua receita os condimentos básicos de valores e princípios que realçam e fortalecem os laços de união dessa instituição que é a verdadeira base da sociedade: A FAMÍLIA. Oxalá as suas palavras possam servir de inspiração positiva para alguém.

AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público.