O abatedouro frigorífico Lamm suspendeu temporariamente o abate de caprinos e ovinos, em Juazeiro. A falta de pasto, devido à longa estiagem no semiárido baiano, não tem deixado os animais com peso ideal para abate. Nesse período, apenas criadores que suplementam a alimentação de seus rebanhos conseguem atender a pequenas escalas.
A preferência do frigorífico é por animais caprinos com peso de carcaça entre 11 e 15 quilos e ovinos com peso entre 13 e 20 quilos. “Atualmente, nossos criadores têm muitas fêmeas de descarte ou machos com baixo peso e sem acabamento de carcaça, além de animais velhos que são rejeitados pelos consumidores dos grandes centros urbanos”, aponta o gestor do Lamm, Marcos Malta. A maior parte da produção do frigorífico vai para grandes distribuidoras de São Paulo e de capitais do Nordeste, clientes que exigem cortes especiais e carne macia.
Outro fator apontado pelo frigorífico para a queda na oferta de animais é a propensão ao abate clandestino na região. “O risco sanitário do abate clandestino não compensa a prática ilegal. Trabalhamos com um preço competitivo pelo abate dos animais com toda segurança para o criador e para o consumidor”, alerta Malta. O produtor recebe R$ 12 pelo quilo de caprino; R$ 12,50 pelo ovino e R$ 13,75 pelo ovino Dorper (meio sangue com carcaça de 13 a 20Kg).
Para atender à demanda crescente de carnes caprina e ovina no país, a empresa, que é inspecionada pelo SIF (Serviço de Inspeção Federal), precisaria de 300 caprinos e 150 ovinos por semana. A capacidade total de operação absorve o abate de 3 mil e 300 cabeças por mês. O último abate realizado foi no começo do mês, em 7 de outubro.
Nesta sexta-feira, 25, haverá uma reunião no Lamm, localizado no distrito industrial, entre representantes da empresa e do Bioma Caatinga (Programa de Inclusão Produtiva da Ovinocaprinocultura do Semiárido da Bahia) para discutir como o programa pode auxiliar nessa questão, já que mantém 40 Agentes de Desenvolvimento Rural Sustentável (ADRS) orientando 1200 produtores em comunidades de Juazeiro, Remanso, Casa Nova, Curaçá e Uauá.
Por Juliana Souza BIOMA CAATINGA
3 comentários
24 de Oct / 2013 às 11h01
Observei algumas planilhas confeccionadas pela Agência de Defesa Agropecuária da Bahia - ADAB, que mostra o Território do Sertão do São Francisco como grande exportador de Caprinos e Ovinos vivos para outros estados da federação; essas planilhas foram confeccionadas com os somatórios das GTA(s) emitidas nos postos de fiscalização de fronteiras. Na verdade existe um excesso de publicidade à respeito deste assunto, que as vezes compromete a visão real do setor. Como o Território que se diz ter o maior rebanho de Caprinos e Ovinos da Bahia, com frigoríficos fechados? O LAMM e o ABATAL já tem problemas demais para resolver: preços dos produtos, competição com outros estabelecimentos, em melhores condições de atendimento e logística, etc. Tem muito técnico, muita instituição, muito tudo, e pouca grana em investimento.
24 de Oct / 2013 às 11h52
Espero que o bom senso seja estabelecido: as questões de âmbito da iniciativa privada, devem ser resolvidas pela iniciativa privada; mercado, oferta, demanda, formação de preços, etc. Quando se usa recursos públicos dos Programas de Governo que visam atender produtores familiares de baixa renda, auxiliando-os com assistência técnica aos criadores, e esses técnicos serem colocados a serviços da iniciativa privada, é preocupante; principalmente quando se tem a CONAB com o sistema de compras governamentais para atender este segmento.
28 de Oct / 2013 às 13h16
Quero fazer de suas palavras as minhas, é pena que só agora li essa reportagem e o seu comentário muito pertinente, como se quer levar em frente empreendimentos como o LAMM e ABATAL, nas costas do pequeno produtores da agricultura familiar, vejo que as ações elas andam na contra mão, sempre penalizando os criadores, quando a realidade é outra. Carlos Alberto deixe seu telefone.