Adm. Agenor Santos
Todos os fatos e acontecimentos de grande impacto e repercussão, não importa de que natureza, têm o poder de remeter ao esquecimento os problemas ou escândalos que, em algum momento, abalaram o emocional da sociedade brasileira, ferindo-lhe no âmago a credibilidade ou mesmo destruindo os últimos resquícios de esperança. Por algum tempo, novos episódios conseguem fazer com que, até a própria mídia, rediricione o foco das suas preocupações e o cidadão passe a conviver com novas emoções.
Tentei, através de um exercício de memória, relembrar para os leitores alguns dos escândalos registrados no cenário político nacional nos últimos anos, mas, subitamente, foi como se tivesse ouvido um apelo dramático do cérebro: “recorra ao Google, porque são registros negativos que excedem a minha capacidade de armazenar!”. Atendendo a esse dramático apelo fui à pesquisa e eis que me deparo com o simplório número de 202 casos de escândalos de toda ordem, somente em nível nacional, entre 2009 e 2011! Acrescente-se mais 26 casos de 2011 e 94 de 2012, temos um total de 322 escândalos! Os de menor grau de gravidade alimentam a imprensa somente por algum tempo, mas logo são esquecidos e pisoteados impiedosamente por outros maiores. Assim é que os escândalos de maior expressão são titulados como: “Anões do Orçamento”, com desvio de 800,0 milhões, entre 1989/1992; do “Banestado” ou Banco do Estado de São Paulo, com desvio de apenas 42,0 bilhões, entre 1996/2000; do TRT de São Paulo, com desvio de 923,0 milhões, entre 1992/1999; e o famoso “Mensalão”, com desvio de 55,0 milhões, ocorrido em 2005 e embalsamado até hoje!... Somados, os escândalos da corrupção atingem a bagatela de 69,0 bilhões! No ranking da ONG Transparência Internacional, na faixa de zero (muito corrupto) a dez (nada corrupto), o Brasil tem a nota 3,8, ocupando o 69º. lugar entre 176 nações avaliadas. Já houve leve melhora nesse índice, mas estamos bem próximos do grupo dosmuito corruptos!
Como o crescente aumento de casos decorre da impunidade reinante, quando surge um juiz como o Ministro Joaquim Barbosa, do STF, determinado em dar um basta nessa vergonha nacional, logo é atacado de todas as formas visando apagar uma das poucas chamas acesas e que pretende iluminar novos caminhos para a moralidade, o caráter, o respeito e a dignidade.
Embora com esses valores surrupiados, descaradamente, o Estado pudesse realizar grandes projetos em favor da educação, da saúde e da transformação da estrutura social vigente, não é exatamente o valor monetário que mais choca, mas o despudor com que a prática se repete e se aperfeiçoa ao longo dos anos, às vezes sucedendo de pais para filhos, talvez confiantes de que há uma cumplicidade tolerante que funciona como apanágio protetor de tais ações.
O que mais deprime é ver que enquanto os pais se esmeram para passar educação doméstica aos seus filhos, com noções básicas de moral, caráter e respeito, e os professores nas escolas se dedicam não somente à tarefa de alfabetizar crianças e jovens mas, também, de acrescentar-lhes um perfil de conduta e comportamento ético e de integridade, da outra parte cidadãos investidos de autoridade se esquecem de que o desempenho de suas funções com honradez pode contribuir fortemente através do exemplo nesse processo educativo. Assim, restam a esperança e a fé de que um dia a honradez será restabelecida neste nosso país!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Salvador-BA agenor_santos@ig.com.br
5 comentários
18 de Mar / 2013 às 08h30
No Brasil,um dos paises mais corruptos do mundo,falar de corrupção é um elogio.políticos com compromisso para os próprios bolsos,onde tudo só funciona com "molhada de mãos".é a cultura de um povo que vem desde a colonização.
18 de Mar / 2013 às 09h55
Mais uma vez você nos presenteia com o tema convidando os leitores a uma séria e profunda reflexão. Acredito que a Educação, não apenas a que acontece na Escola, mas principalmente a doméstica deve assumir a difícil missão e a responsabilidade de formar cidadãos éticos, responsáveis, com valores e princípios mais sólidos para enfrentar a concorrência desse meio já um tanto deformado. Parabéns e obrigada.
18 de Mar / 2013 às 09h58
ENQUANTO NÃO HOUVER INVESTIMENTOS PESADOS EM EDUCAÇÃO, NUNCA SAIREMOS DESSA M..RDA!!!
18 de Mar / 2013 às 14h39
Educação ensina o povo a votar direito. O povo é tão ignorante que Sarney e Collor estão na ativa (sem contar com certos prefeitos fiscalizados pelo TCM - rsrs). Muito bom, Magom, já que o governo pondera com a educação, continue conscientizando, pois: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.'
18 de Mar / 2013 às 17h17
Meus cumprimentos pelo nível dos comentários, com ênfase especial à educação, como forma de reverter o perfil dos nossos líderes, num futuro que se espera próximo.