Abandono de prédios históricos expõe descaso e risco no Centro de Juazeiro

Prédios históricos abandonados em Juazeiro representam risco aos pedestres e à segurança pública e expõem o descaso com o patrimônio arquitetônico da cidade. Sem manutenção há décadas, as construções correm o perigo de desabar.

Segundo Antônio Vieira, que trabalha próximo a um prédio abandonado avalia que local poderia ser visitado por turistas que se deparam com a situação precária da construção. "Nossa história, a identidade de Juazeiro estão se perdendo".

A sede da Sociedade 28 de Setembro é um dos maiores exemplos de descaso. A sede foi fundada em 28 de setembro de 1897 e vive em constantes ameaças.

Em maio de 2011 o prédio sede da Sociedade 28 de Setembro esteve ameaçado de ir a leilão. Diante da possibilidade da perda de um patrimônio histórico do município, o então Prefeito de Juazeiro, Isaac Carvalho, tornou de utilidade pública o imóvel onde funcionou um dos clubes mais importantes da história da cidade, localizado na Rua Coronel Evangelista, número 9, no centro da cidade. 

O decreto de nº 386/2011, publicado no Diário Oficial do Município numa sexta-feira (06) de 2011 dizia que a decisão governamental visava “preservar e conservar o monumento histórico com a finalidade de desenvolver atividades administrativas de natureza artística e cultural”. 

Na época, em entrevista ao blog, o então Procurador Geral do Município, Carlos Luciano, confirmou que o leilão deveria ser anulado pelo fato de que a Prefeitura de Juazeiro já tinha manifestado interesse na desapropriação do imóvel, antes mesmo da realização do leilão. Ainda de acordo com as informações, uma cópia da certidão emitida pela Vara da Fazenda Pública da Comarca de Juazeiro, um dia antes do leilão, ratificava o processo de desapropriação.

Passados 10 anos, uma década depois, o prédio continua em situação de abandono e descaso visto que nenhuma ação é tomada pelas autoridades públicas e ou entidades privadas para garantir "vida ao prédio"..

Em 2014, o leitor da redeGN Clélio Ribeiro através de artigo avaliou que Juazeiro tem uma longa história de falta de compromisso com a preservação arquitetônica. 

"Os prédios históricos são construções representativas, que por seus estilos, época de construção, técnicas construtivas utilizadas, entre outros, são reconhecidas como patrimônio arquitetônico".

Nos últimos meses, a redeGN tem relatado alguns riscos de patrimônio que "correm riscos". Semana passada, outra informação provocou a indignação. Com 93 anos de fundação a Sociedade Beneficente dos Artífices Juazeirenses hoje instalada na área central de Juazeiro agoniza e ao que parece não chegará ao seu centenário.

Em contato com a redação da Rede GN diversos moradores  expressaram muita preocupação com o atual estado da infraestrutura do prédio que sem qualquer reforma ameaça cair.

“Estamos preocupados porque as paredes estão rachando e a gente não sabe a quem se dirigir para cobrar explicações” expressou um dos moradores que pediu para não ser identificado.

Fundada em 1928 pelo comunista Saul Rosas, a Sociedade Beneficente dos Artífices Juazeirenses conseguiu a época unificar o operariado local e influenciar a vida social, política e administrativa da cidade.

Depois de grandiosas festas na década de 70, quando chegou a disputar espaço com os dois grandes clubes de Juazeiro, 28 de Setembro e Apolo, a Sociedade dos Artífices entrou em total declínio e abandono por parte do associado, quase levando a sua estrutura ao chão.

Em 2019, o artista Elder Ferrari usou as redes sociais para questionar o abandono da referida sociedade e consequentemente do prédio no centro de Juazeiro. Em seguida, na época a última dirigente dos Artífices, advogada Flor de Maria Nascimento contestou a denúncia do artista .

À época a Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes informou que “não há como aplicar políticas públicas em relação ao Clube dos Artífices, ou Casa dos Artistas. A entidade não pertence ao Município, é uma filantropia”.

“Além disso, a Secretaria Municipal de Cultura nunca recebeu solicitação formal para intervir nessa situação e, dessa forma, tentar ajudar as partes. Para que isso aconteça, as pessoas que estão com a tutela do prédio/entidade devem decretar inaptidão para tal gerenciamento. A partir daí, teria início uma discussão com a sociedade para saber que medida tomar” concluía a nota da Seculte. 

Redação redeGN Fotos Arquivo Redegn