Espaço do Leitor: Dos nossos desacontecimentos

Todos sabem que a Praça da Bandeira em Juazeiro/BA, é um dos pontos turísticos de grande importância para a nossa cidade. Ela foi construída por volta de 1920/1930. Eram duas praças com nomes diferentes.

A primeira, em frente a Catedral com o nome Praça Imaculada Conceição, por ter a imagem da Imaculada Conceição, produzida em aço e instada no meio de uma fonte luminosa, atualmente sem funcionamento. E a segunda, em frente ao Clube Comercial, hoje Biblioteca Municipal, chamada de Praça da Bandeira.

Algumas modificações foram feitas com o passar dos anos, como a retirada de jardins e de uma pequena ponte. Hoje, as duas formam uma única Praça que ficou batizada como Praça da Bandeira. É aqui que está localizado o Santuário Nossa Senhora das Grotas, o Memorial Casa da Bossa Nova, a Loja Maçônica Segredo Força União, o Museu Regional do São Francisco, que se encontra em estado de conservação precária e ainda outras edificações históricas. Todas estão acauteladas como patrimônio histórico cultural da cidade de Juazeiro.

Acontece que esta Praça, também conhecida pelos seus históricos e centenários oitizeiros, que é uma fonte de inspiração para artistas, poetas e músicos, encontra-se esquecida pelo poder público há décadas, e assim prossegue.

Ontem tivemos a notícia que foi cortado o fornecimento de água utilizado para regar as plantas, sem qualquer explicação. O ato foi prontamente contestado por um morador e assim foi restabelecido o seu fornecimento. É notório também que a praça precisa de um projeto paisagístico/arquitetônico que a embeleze. Pois as praças fazem parte do nosso patrimônio, e, infelizmente, o que vemos aqui, com raras exceções, são canteiros de terra seca, asfalto esburacado e pessoas em situação de rua que descartam o lixo produzido em lugares inapropriados. E assim vão se dando os nossos desacontecimentos, a nossa falta de memória, a despreocupação com o meio ambiente, a nossa falta de empatia e de solidariedade.

Diante do exposto, indago ao poder público, na pessoa da prefeita Suzana Ramos, que é filha da nossa terra e demonstra ter uma preocupação com o bem da cidade e de seu povo: Qual o projeto que o município tem para a nossa tão querida Praça da Bandeira?

A memória é uma das proezas da vida humana, mas esta serve para todos os lados, inclusive aquele que muitas vezes chora ou choraram no momento em que foi confrontado com as suas raízes. Certa vez William Shakespeare (homem do teatro, da cultura e da vida) afirmou: “Todos os que não conhecem a sua raiz morrem como um galho seco.” Que saibamos encontrar as nossas.

Suely S Almeida Machado

Historiadora e Funcionaria Publica do TJPE

Foto: Suely Almeida