Os impactos da Covid-19 nos Pequenos Negócios

A crise gerada pelo novo coronavírus impacta setores importantes da vida em sociedade. Com as recomendações e decretos determinando o distanciamento social, profissionais autônomos e pequenas empresas já sentem os impactos provocados pela pandemia.

Na pesquisa “Os impactos da Covid-19 nos Pequenos Negócios”, realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) entre os dias 30 de abril a 5 de maio, 10 mil empresários declararam que tiveram queda de faturamento de 89% em relação ao um mês normal, no período anterior à crise.

Com as medidas de auxílio emergencial e novas adaptações no segmento para enfrentar esse novo normal em tempo de Covid-19, os pequenos negócios estão operando com perda de faturamento em torno de 60%.  Os dados indicam ainda que 36% dos entrevistados acreditam que precisarão fechar o negócio nos próximos meses.

Para o segmento de micro e pequenas empresas, é uma situação crítica e os modelos de negócios precisam passar por avaliação e inovação para se adaptar a este novo contexto de pandemia.  “Mais de 90% dos negócios abertos no país são de pequenos negócios. Esses negócios estão tendo prejuízos, tomando medidas de contenção de gastos, revendo os investimentos, fazendo um esforço”, afirma o economista Carlos Coiteiro, gerente regional do Sebrae-Juazeiro.

Para diminuir os impactos, os pequenos empreendimentos estão investindo na presença digital. “Quem não tem sua loja, seu negócio no ambiente digital precisa urgentemente fazer isso, porque a forma de busca, contatos e vendas se dará muito mais através desse canal”. Ele também aconselha que as empresas criem um modelo de gestão empresarial diferenciado com reuniões online, conferências e interações com o cliente.

Foi o que fez a vendedora de cosméticos e produtos para cabelo, Simone Evangelista. Ela precisou fechar a loja localizada na avenida Flaviano, no centro de Juazeiro/BA, mas continuou com as vendas em casa pelas redes sociais. “Precisava me mover. Trabalhar para não ter impacto na loja. Ela ficou fechada, mas vendi muito pela internet”, afirma. Simone se adaptou a nova rotina. O trabalho passou a ser feito através da tela de um celular. Já as entregas são feitas por um office boy da própria loja, o que ajuda a garantir a renda desses trabalhadores. “Quando ele não podia, mandava por mototáxi. Um ajudando o outro”. A empreendedora também fez consultoria em gestão financeira no Sebrae e conta que a parceria com a instituição é fundamental.

O consultor de gestão financeira e marketing digital, Fabricio Lima, que realizou consultoria para mais de 115 empresas dos mais variados segmentos, espalhadas pelo estado da Bahia, recomenda que o empreendedor procure conhecer as dificuldades da empresa para vencer as adversidades.  “O empreendedorismo cresceu, mas não é somente comprar e vender. Tem que planejar e ter controle”, afirma. Para o consultor, a falta de informações sobre o próprio negócio, o cálculo incorreto do preço de venda, a falta de um sistema de informações sobre o fluxo de caixa, despesas e receitas também são fatores comuns que podem contribuir para o agravamento da crise das pequenas empresas.

Em tempos de pandemia, os empreendedores precisam promover negócios enxutos, práticos, com o objetivo de alcançar resultados, como recomenda Carlos Coiteiro.   É necessário que o pequeno e médio empresário pense numa estratégia de logística segura, tanto de compra e vendas, para que se evite a acumulação de recursos em estoque e possíveis prejuízos.

A mudança não é apenas no modelo de negócios, mas sobretudo de comportamento diante da nova realidade. Nesse sentido, as instituições de educação podem colaborar repensando os modelos de transferência de conhecimento. “A educação tem um desafio muito intenso. Aqui, em Juazeiro, existem associações e conselhos que já começaram promover novas alternativas para pensar a transferência de conhecimento pelos novos canais digitais”. O momento é de desafio, pois as empresas precisam conhecer os novos decretos, resoluções e adotar as medidas sanitárias, além de criar estratégias para promoção de vendas e novos negócios em canais digitais.

Incentivos e Novos Conhecimentos

Nesse panorama, instituições que acompanham os pequenos negócios avaliam que o poder público pode reforçar ações para auxiliar na recuperação da atividade econômica, como revisão das contribuições tributárias e aumento da demanda de créditos financeiros para manter o equilibro das empresas que estejam dispostas a cumprir com as normas definidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O Sebrae Nacional tem oferecido auxílio e suporte em qualificações online para o pequeno e médio empreendedor.  Em Juazeiro, norte baiano, a instituição desenvolve ações para orientar o empresário e empreendedor do Território do Sertão do São Francisco, além de uma articulação com o poder público municipal, juntamente com as entidades comerciais e órgãos de saúde para compreender o contexto local e buscar soluções. “Temos trabalhado e destinado nosso esforço para ajudar o empresário na tomada de decisões e ajudar a reduzir os impactos, no que for possível. A dificuldade está posta e vamos passar por ela”, afirmou.

Nesse novo tempo de Covid-19, as empresas e empreendedores podem acompanhar as redes sociais do Sebrae Nacional @sebrae e Sebrae bahia @sebraeba. Informações são necessárias para orientar os negócios e tomar a melhor decisão. 

Por Rafhael Nobre, Jornalista em Multimeios Foto de arquivo