Trabalhadores da comunicação de Juazeiro e Petrolina relatam trabalho contra a propagação do coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro, apesar dele mesmo ter definido como essenciais as atividades e os serviços da imprensa como medida de enfrentamento à pandemia de covid-19, ao sair dia 26, do Palácio do Alvorada, debochou de jornalistas que estavam trabalhando no local. Perguntou o que os profissionais da imprensa estavam fazendo lá e mandou eles irem para a casa.

“Atenção povo do brasil, esse pessoal diz que eu estou errado e vocês têm que ficar em casa, agora eu pergunto: O que vocês tão fazendo aqui? O que vocês tão fazendo aqui? Imprensa brasileira, o que vocês tão fazendo aqui? Não estão com medo do coronavírus? Vão para casa”, disse o presidente.

Bolsonaro é contra estender as medidas de isolamento a toda a população e defende que o isolamento social para prevenção à covid-19 deve se restringir a idosos e pessoas com comorbidades.

Profissionais estão resguardados o exercício pleno e o funcionamento de todos os meios de comunicação e divulgação disponíveis, “incluídos a radiodifusão de sons e de imagens, a internet, os jornais e as revistas, entre outros”. A medida visa garantir a difusão de informações à população e também cumpre o princípio constitucional da publicidade em relação aos atos praticados pelos governos.

Pelo decreto, está proibida a restrição à circulação de trabalhadores da imprensa que possa afetar o funcionamento das atividades. Mas, na execução dos serviços, deverão ser adotadas todas as cautelas para redução da transmissão do novo coronavírus.

O trabalho da imprensa é considerado essencial para informar a população e deixá-la também longe das Fake News. A imprensa do Vale do São Francisco e Norte da Bahia tem cumprindo o seu papel e estão na rotina contra a desinformação, que pode agravar as consequências do novo coronavírus.

A redação da RedeGN ouviu profissionais da comunicação que destacam a importância da informação e da responsabilidade de todos no enfrentamento da pandemia.

O editor chefe da redação da redeGN têm adotado medidas para evitar a contaminação de seus jornalistas e colaboradores com o sistema de home office. Na profissão há mais de três décadas Geraldo José, trabalha em programas de rádio, período manhã e tarde e na redeGN. De acordo com Geraldo José uma rotina que ultrapassa muito mais que oito horas de trabalho e ainda tem o final de semana. O publicitário Bruno Lopes criou a mensagem "que em terra de Fake News, uma rede de credibilidade vale muito." A rede GN Blog Geraldo José recebe cerca de 30 mil acessos diariamente.

Pesquisas indicam que, diante de desafios, como a pandemia do novo coronavírus, as pessoas têm mais preocupação com informações falsas espalhadas nas redes sociais e tendem a depositar mais confiança no jornalismo profissional. Por isto repórteres e assessores de imprensa que cobrem in loco as notícias das prefeituras, exemplo, Juazeiro e Petrolina continuam nas ruas e foram orientados a seguir cuidados especiais (como evitar aglomerações).

O Coordenador do Núcleo de Rede da TV Grande Rio (afiliada Rede Globo), Samuel Brito tem 25 anos de profissão e disse que a rotina mudou muito. "A TV Grande Rio se tornou a segunda casa de seus funcionários, e assim acontece com a maioria dos profissionais da comunicação, vivemos mais no trabalho e agora alguns tem que se acostumar no momento a trabalhar  em casa. Os contatos com núcleo da rede é constante. Informações cada vez mais rápida e o cuidado de manter o telespectador sempre bem informado, além ". 

O jornalista Raphael Leal, assessor de imprensa da Prefeitura de Juazeiro revela que o trabalho que  toda a equipe tem realizado nesta pandemia é diferente de tudo que já viu. "De uma equipe de 20 pessoas, entre assessores, social media e criação, temos ficado, praticamente, 20h/dia ligados em tudo o que acontece da Prefeitura no combate à expansão do coronavírus. Temos, em alguns espaços, reduzido a equipe e estabelecemos Home Office, que tem alcançado um bom resultado, pois temos informado todas as ações e dados referentes ao trabalho de enfrentamento".

O jornalista Junior Vilela, assessor imprensa, avalia que esse é um dos momentos em que abraça e vive o propósito da profissão. "Tem sido um momento em que vejo estar fazendo algo relevante para meu povo e algo que desmonstra a importância de minha profissão, tão nobre e desvalorizada".

Em Juazeiro e Petrolina a maioria das emissoras de Rádio aumentou o horário relativo ao jornalismo devido a necessidade de informar a população.

Confira abaixo depoimentos jornalistas:

*Raphael Leal: O trabalho que temos realizado nesta pandemia é diferente de tudo que já vi. De uma equipe de 20 pessoas, entre assessores, social media e criação, temos ficado, praticamente, 20h/dia ligados em tudo o que acontece da Prefeitura no combate à expansão do coronavírus. Temos, em alguns espaços, reduzido a equipe e estabelecemos Home Office, que tem talcançadoum bom resultado, pois temos informado todas as ações e dados referentes ao trabalho de enfrentamento. Fortalecemos a assessoria da secretaria da saúde, com mais dois jornalistas. 

Não somos profissionais da saúde, mas temos a responsabilidade social de informar a população sobre como tem sido o comportamento do vírus em nossa cidade e o que está sendo feito para combatê-lo. Com a evolução das tecnologias da comunicação, Aplicativos de trocas de mensagens, neste momento, ao tempo em que são aliados na divulgação de informações, algumas pessoas utilizam destas ferramentas para disseminar notícias falsas, as já conhecidas fake news, que acabam atrapalhando o nosso trabalho e causando confusão na cabeça da população. Mas mando o recado às pessoas que fiquem em casa, que nós estamos aqui, disponibilizando as informações oficiais para que a população juazeirense fique informada sobre o coronavírus e o H1N1.

**Junior Vilela: Tenho tratado esse trabalho como uma missão de vida mesmo. Parece exagero, mas é como tenho colocado para mim como uma forma de não cansar, nem estressar nem sentir medo. Hoje, minha vida é pensar em como ajudar com informação a população sobre as orientações da prefeitura em torno desse tema. Acordo e durmo, pensando, lendo e discutindo algo relativo ao coronavírus e suas implicações. 

Temos dois fotógrafos trabalhando juntos na cobertura de tudo que é relativo ao coronavírus em Petrolina. Eu ainda faço parte do comitê de enfrentamento. Então, preciso estar em reuniões de avaliação sobre o andamento da situação, cobrindo as pautas, organizando as transmissões de pronunciamento do prefeito e gravações de vídeos. Já estive no hospital universitario, exército, todos os dias preciso sair de casa, enfim, sigo trabalhando até mais do que antes, pois a todo momento surge uma demanda e algum fato novo. Obviamente, em tudo isso tenho tomado as medidas de precaução que a circunstância permite e os especialistas recomendam.

Além de ter essa rotina externa, sem quarentena, fico ligado quase 24 horas no telefone porque é muito dinâmico. Tenho dormido pouco. Sempre tem uma demanda do prefeito para atender, ele tem trabalhado de forma incansável e quem tá na equipe mais perto do mesmo jeito. Tô muito próximo também do pessoal da saúde e a forma como eles estão se dedicando também incentiva a não diminuir o ritmo em momento algum. 

Quando lá em cima eu falei que estava tratando como uma missão, é por toda essa rotina que relatei. Enxergar dessa forma , faz com que eu não tenha medo do vírus, e pedido para que as pessoas ajudem de uma forma simples, ficando em casa se puder. Eu não posso porque tenho o dever de emitir os comunicados oficiais do prefeito e da prefeitura junto com uma equipe incrível de jornalistas que tambem, mesmo em casa, não dormem direito, pois ficam tratando tudo online. Um dos serviços mais importantes em meio a esse cenário, é justamente informar em tempo real e com responsabilidade. E essa tem sido minha missão, repassar as informações para todos os colegas de imprensa e estar disponível 24 horas, pois o vírus não dorme e o combate à Covid-19 também não descansa aqui em Petrolina. 

Esse é um dos momentos em que vejo mais propósito na minha carreira. Tem sido um momento em que vejo estar fazendo algo relevante para meu povo e algo que desmonstra a importância de minha profissão, tão nobre e desvalorizada. Agora, as pessoas podem constatar  quanto fundamental é a imprensa. Meu respeito a todos os demais profissionais envolvidos na cobertura, tanto da imprensa quanto das assessorias.  Meu respeito também aos demais profissionais , da saúde, limpeza, segurança, portarias, iluminação, alimentação, social, enfim, todos que eu estão no front dessa guerra contra um inimigo invisível. Por fim, só reforço o pedido de todos nós que estamos na rua por um propósito maior: se você pode ficar em casa, fique e cuide de quem precisa.

Redação redeGN