Artigo: A alcateia travestida de rebanho

Os cargos eletivos são todas as funções ocupadas por cidadãos eleitos pelo voto do povo. No Brasil as eleições são realizadas de dois em dois anos, alternadas entre gerais (quando são eleitos presidente e vice-presidente da República, governadores e vice-governadores, senadores, deputados federais e deputados estaduais e distritais) e municipais (quando se elegem prefeitos, vice-prefeitos e vereadores).

Poder se candidatar a um cargo político eletivo é um entre vários direitos políticos garantidos ao cidadão brasileiro, mas para isto, o cidadão precisa cumprir algumas condições que estão previstas na Constituição. Para ser candidato a pessoa precisa, entre outros requisitos, ter nacionalidade brasileira ou ser naturalizado; ter domicílio eleitoral na circunscrição há pelo menos um ano antes do pleito, ser filiado a um partido político também há pelo menos um ano antes da eleição e possuir idade mínima exigida para cada cargo ao qual se deseja concorrer.

Tais informações são do conhecimento de boa parte dos que buscam uma vaga em um dos cargos disponíveis no sistema eleitoral do país. No momento em que se decide que irá concorrer, até a pré e a campanha propriamente dita, uma alcateia travestida de rebanho se apresenta como paladina da moral, da ética e dos bons costumes e como um 'salvador da pátria' promete até mesmo asfaltar o caminho para o céu e encanar a água do mar.

As eleições acontecem e aquele, ou aqueles, que antes de assumir o poder abusava de solicitudes é eleito. A posse é oficializada, e como em um conto de fadas com apenas uma movimentação de uma varinha o sujeito se transforma da água para o vinho. Como um verdadeiro '171' (estelionatário no Código Criminal), o escolhido pela maioria (mesmo que a diferença tenha sido de apenas um voto) passa a se comportar como um especialista em enganar e dar golpes nos seus confiados e comandados.

Participar do processo político e poder eleger seus representantes é um direito de todo cidadão brasileiro. No entanto, a grande maioria da população vota em seus candidatos sem a mínima noção da responsabilidade da escolha. A emoção, o egoísmo e até mesmo o voto de cabresto se sobrepõem ao consciente, levando os desprovidos de malícia a incorrer em grave erro.

A ignorância não é pré-requisito daquele que pratica violência; o ignorante, geralmente por falta de estudo, não tem conhecimento, cultura e experiência ou prática em determinadas situações, o que na maioria das vezes o faz chorar sobre o leite derramado.

Gervásio Lima Jornalista e historiador

Espaço Leitor