Artigo – BRASIL: DUAS IDEOLOGIAS E UM DESTINO

Sob qualquer ângulo que se queira analisar o cenário político e econômico nacional, são múltiplos e variáveis os fatores que se apresentam, todos revestidos de insegurança e instabilidade. Numa fase, a corrente de Esquerda fracassou no seu projeto político de longa duração no país, não por falta de competência, mas, principalmente, pela empolgação diante da delirante visão de tantos bilhões disponíveis, que tanto permitiu rechear as contas dos seus líderes espalhadas pelos paraísos fiscais, como internacionalizou recursos federais para estimular movimentos de esquerda em outros países. Sem falar de dinheiro até pelas cuecas, num caso para lá de bizarro ocorrido com o Secretário de certo partido no Ceará e ligado a uma importante liderança nacional, em cuja cueca conduzia 100 mil dólares! Impossível esquecer tal ocorrência dos tempos do Mensalão!

Para esses objetivos se utilizou do nosso BNDES para financiar portos, estradas, ferrovias, usinas, metrôs e aeroportos ao redor do mundo. Desnecessário dizer que as empresas executoras dessas obras eram brasileiras, capitaneadas pela OAS e Odebrecht, o que, agora, permite a compreensão da razão de tantos investimentos internacionais. Pelo jeito, uma mão lavando a outra, e vamos imaginar que todas as mãos foram lavadas com dinheiro sujo. 
 
Diante de tanta expansão das ações de Governo levando capital para financiar obras na Argentina, Venezuela, Bolívia, Equador, Peru, Panamá, Colômbia, Uruguai e Nicarágua, além de países africanos, como Moçambique, Angola, Zimbabwe, Congo, etc., realmente nos sentíamos como uma enganosa potência financeira! Enquanto isso, no âmbito interno, tinha o programa Bolsa Família que cegava a todos, e passava uma imagem de felicidade permanente. Mas, a Lava Jato ainda vai precisar apurar quem vai pagar a conta, uma vez que as inadimplências desses países já começaram e o calote não vai ser pequeno. Daqui a pouco de Lava Jato vai passar a ser LAVA TUDO! Quem viver, verá.

Como principal líder do PT que tanto fala em democracia, foi uma conduta suspeita o Lula ajudar tantas Ditaduras na América Latina e na África, durante o seu governo. Foi chocante a sua declaração, quando na Líbia de Kaddaf, em 2009, na reunião da Cúpula da União Africana, afirmou: "Que não se pode ter "preconceito" contra Ditadores". Isso passa a convicção de que os sentimentos da Esquerda contra ou a favor das Ditaduras é uma questão de oportunidade e conveniência. 

Em contraposição a esse cenário, o povo brasileiro, diante da enorme decepção ao tomar conhecimento de tanta corrupção, optou por uma guinada à Direita, não porque impressionado e convencido da capacidade de gestão e liderança do candidato, mas por uma ansiosa expectativa de que no conjunto a mudança poderia dar certo. Nesse curto espaço de tempo existem alguns acertos, mas há uma gama de erros cometidos, particularmente pela falta de firmeza nas decisões e uma visível insegurança que passa.

É inconcebível e inaceitável que diante de tantas outras medidas necessárias e urgentes para a reestruturação do país, o foco principal tenha se direcionado à área da Educação, primeiro condenando-a pela péssima escolha dos Ministros, que podem ter algumas qualidades pessoais, mas nenhuma vocação para tão importante gestão. Ora, é elementar que através de uma eficiente auditoria nas Universidades, poderia o governo detectar e punir os responsáveis por irregularidades na gestão dos recursos financeiros ali repassados, e não penalizar em 30% o Ensino Superior em todo o país, sob a alegação de “que não é corte e sim contingenciamento”! Não convence a qualquer pessoa sensata os vídeos que circulam exibindo bacanais no interior das Universidades Federais, e até homens e mulheres nus durante palestras!

Mas, o cúmulo desse despreparo para o cargo ficou evidente no autoelogio do ministro Abraham Weintraub, nada humilde, durante a Audiência na Comissão de Educação do Senado Federal, quando afirmou: “A minha formação acadêmica é robusta. [...] Eu estou bem acima da média dos últimos 15 ministros que passaram por lá. Mas bem acima. Em termos de qualificação e em termos de nomes de universidades das quais eu vim”. (!!!). Quanta vaidade e petulância!

Como se não bastassem Ministros desse nível, temos um “amigo do Rei” que abusa da condição de ser mais intelectual do que o próprio, e quer mandar mais que o Rei! Ao invés de ajudar, cada vez que fala instala intranquilidade e desarmonia no Governo. Melhor incentivar o seu rápido retorno ao EUA, onde mora!
 
Assim, vivenciamos duas fases da presente história, com duas vertentes ideológicas plenas de atores egocêntricos, vaidosos e incompetentes, e no centro um país com seu destino sombrio e seu povo sem nada entender, vai seguindo o seu caminho.

 Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.