Artigo - Sei que nada sei

Pare!

Emitir parecer, opinar e sugerir são manifestações comuns e corriqueiras, principalmente quando quem as realizam tem convicção e conhecimento daquilo que está defendendo ou propondo. Não adianta querer expressar e discutir sobre o que não possui conhecimento suficiente para tal, pois correrá o risco de ser chacoteado e acabar como um arrogante e soberba.

Além de improvável, chega ser hilária a conversa entre dois profissionais de atividades distintas como o engenheiro e um dentista discutindo sobre a quantidade de concreto para preenchimentos de uma coluna e a quantidade de massa para obturar um dente. Um dando pitaco na profissão do outro. Provavelmente este momento não acontecerá, pois são ofícios completamente diferentes. 

Como em qualquer situação, o improvável acontece. Não é difícil encontrar, principalmente em barzinhos, os chamados 'sabe tudo' que como um bom jogador de futebol, "amortece o assunto na caixa do peito, bate algumas embaixadas, chuta e faz o gol". Figuras que se dizem ser muito bom em português, mas possui certa 'dificulidade' em matemática. Até mesmo assuntos como futebol e religião exigem conhecimento para que ocorra uma boa prosa. Como dizem os cristãos, não adianta discutir religião com quem não tem conhecimento da Palavra; assim como falar de posicionamento tático para quem não sabe distinguir a posição do atleta que joga no ataque com a do meio de campo.

Até pouco tempo atrás se utilizava a expressão 'variando' para as pessoas que falavam coisa sem nexo; atualmente estranhos comportamentos são denominados das mais variadas maneiras como, ao se referir a uma pessoa que fala bobagens diz que a mesma 'parece que tá vendo Jesus em pé de goiabeira'. As frases pronunciadas por quem não possui conhecimento de causa geralmente se tornam bordões satíricos, algo muito comum na política brasileira. Indivíduos sem capacidade, competência e sabedoria sobre determinadas temáticas se acham na condição de abordar, discutir e debater com quem sabe.

Vários são os exemplos de discórdias, muitas vezes graves, por conta de discussões sobre assuntos que não necessariamente competem ou interessam os envolvidos. O sentimento de ódio está se enraizando e afetando todas as classes sociais, a partir de discursos raivosos e, principalmente, sem noção. 

"Pare! Até quando você quer mandar
E mudar minha vida?
Pare! Meus desejos e suas vontades
Estão divididas"  - Pare – Zezé de Camargo e Luciano.

Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador