Raul Seixas: o pai do Rock, o místico, o contestador, o gênio

30 de Dec / 2017 às 08h00 | Variadas

Em homenagem a um dos maiores representantes da contracultura brasileira, que completará em 2019, 30 anos de morte, o jornalista e escritor baiano Tiago Bittencourt escreveu a maior biografia já feita sobre Raul Seixas, que deixou um legado composto por 17 discos lançados em 26 anos de carreira e ficou conhecido como Pai do Rock Brasileiro. O livro O Raul Que Me Contaram – A História do Maluco Beleza, possui entrevistas diversas em estilo ping-pong, curiosidades inéditas, histórico da época e apanhado do legado do artista, além de outros quesitos. 

Tiago, que foi apresentador, repórter e produtor em veículos como TV Record (BA), TV Educativa (BA) e Rádio Transamérica (BA e DF) faz sua estreia na literatura após elaborar um programa de cunho documental sobre a vida do Maluco Beleza. O projeto fez parte do Caminhos da Reportagem, lançado em 2015 na TV Brasil.  "No programa não pudemos mostrar nem 10% do que foi apurado, descoberto, visto e sentido. Foram mais de nove dias de viagens e encontros com fãs e pessoas próximas de Raul, e tanto aconteceu por trás das câmeras e antes delas serem ligadas. O livro mostra imensuravelmente mais do que pôde ser visto pelo público", conta o autor. "Tem depoimentos muitos cruéis e verdadeiros que nunca foram contados, além de apurações a mais que foram feitas durante a época de passar cada fato para as palavras escritas", exclama o repórter. 

O autor afirma que o livro não é somente para os admiradores do artista. "É um livro para qualquer um que goste de comunicação, jornalismo, TV, trabalho de produção e afins. Entrevistei editores de imagens, cinegrafistas e todos da equipe que me acompanhou. A nossa visão como profissionais e como seres humanos está na obra. É sobre Raul, é sobre os sentimentos sentidos nas apurações, é sobre as marcas que ele deixou em vidas diretas e indiretas à dele. É sobre muito mais do que pode parecer ser", conta Tiago.

O livro, produzido pela Editora Martin Claret (mesma editora que lançou a primeira e a segunda obra biográfica sobre o Maluco Beleza), com miolo ilustrado e 415 páginas, reúne na íntegra depoimentos de personagens consagrados e desconhecidos que marcaram a vida do cantor. As entrevistas incluem desde os familiares até os amigos e profissionais que trabalharam com Raul, entre eles, a esposa Kika Seixas, a filha Vivian Seixas, e artistas como Jerry Adriani, Marcelo Nova, Roberto Menescal, Sylvio Passos (autor do primeiro livro sobre Raul) e o  Dr. Luciano Stancka, que conta sobre o comportamento do seu paciente famoso e quando o encontrou morto na cama. A prima Heloisa Seixas relembra as "traquinagens" de Raul quando criança.

O Maluco Beleza, que foi também produtor musical, adquiriu um estilo que o creditou como contestador e místico, e isso se deve aos ideais que defendeu, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974). Raul se interessava por filosofia, psicologia, história, literatura e latim e algumas ideias dessas correntes foram muito aproveitadas em suas letras. A obra musical de Seixas tem aumentado continuamente de tamanho, na medida em que seus discos (principalmente álbuns póstumos) continuam a ser vendidos, tornando-o um símbolo do rock do país e um dos artistas mais cultuados e queridos entre os fãs nos últimos anos. Como o músico Roberto Menescal observa: "O rock era uma coisa ‘muito rock’ só. Raul acabou. Ele ia no samba, fazia todo tipo de música, fazia um bolero de repente, fazia tudo e tudo era muito bem-feito. Então quebrou com essa coisa das caixinhas. É sambista, é roqueiro, é bossa-nova. Não, ele era tudo... Gênio".

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